“Ele [Paulo Raimundo] era uma boa pessoa. Ele, o irmão e os pais. Só tenho a dizer bem dele. Era um miúdo bem comportado, bem educado. Quando saiu daqui devia ter 12/13 anos”, disse à agência Lusa José Maria, de 68 anos, morador na localidade do Faralhão, que conheceu bem a família de Paulo Raimundo.
“Fiquei muito admirado quando vi que era ele. Mas é boa gente. Só espero que ele, como viveu numa zona rural, se lembre das pessoas que vivem nas zonas rurais, nas zonas do interior. Não se pode pensar só nas pessoas que vivem nas cidades”, acrescentou o morador nesta localidade da freguesia do Sado, Setúbal.
O Faralhão é uma localidade da freguesia de Sado, uma zona rural do distrito de Setúbal.
Na carpintaria Pratas, também na mesma localidade, Pedro Pratas lembra-se que na sua juventude também conviveu com Paulo Raimundo. Embora reconheça que esses contactos foram pontuais e que nunca houve uma relação muito próxima, garante que se trata de “um bom rapaz” e que “o partido (PCP) está bem entregue”.
De 1991, ano em que aderiu à JCP, com 15 anos, a 1993, Paulo Raimundo foi animador cultural na Associação Cristã da Mocidade, no bairro da Bela Vista, em Setúbal, mas o atual presidente da associação, Luís Sebastião, não tem qualquer informação relevante sobre esse período, embora reconheça que este tipo de experiências podem ser marcantes para os jovens.
“Ao que sabemos, ele trabalhou como animador no antigo ginásio que tínhamos aqui no centro do bairro da Bela Vista, que era muito orientado para a comunidade, e prestava serviço à escola. Há duas trabalhadoras do início da instituição, que acompanharam algumas atividades do ginásio e que “têm uma memória vaga do Paulo Raimundo, mas não mais do que isso”.
Na concelhia comunista de Setúbal, João Pauzinho destaca o envolvimento do novo líder nas lutas travadas enquanto jovem, contra a PGA (Prova Geral de Acesso ao Ensino Superior), que começou a ser exigida em 1989 foi revogada em 1993, e contra as propinas, entre outras.
“Nós somos da mesma geração, militámos e viemos à JCP e ao partido mais ou menos na mesma altura. Recordo o Paulo Raimundo como um homem com uma grande consistência política, com capacidade de saber ouvir, um grande camarada, um grande homem solidário”, afirma o militante.
“Ele não era muito diferente daquilo que é hoje”, corrobora Rui Higino, ex-vereador da CDU na Câmara de Setúbal, que também conhece Paulo Raimundo desde a juventude de ambos.
“Hoje em dia o Paulo Raimundo é um homem que tem as suas convicções, e marca-as muito bem, mas é um homem que constrói pontes e procura consensos”, garante o ex-autarca setubalense.
Membro da Comissão Política do Comité Central do PCP desde 2020, Paulo Raimundo, de 46 anos, “o Paulinho”, como é conhecido por alguns camaradas de partido, fez um longo percurso até ser escolhido para suceder a Jerónimo de Sousa, uma escolha que foi surpresa também no Faralhão, localidade do concelho de Setúbal onde o novo líder comunista cresce e passou grande parte da juventude.
A atual vereadora da Educação na Câmara de Setúbal, Carla Guerreiro, recorda Paulo Raimundo como um jovem de trato fácil, que conheceu há 31 anos, quando ambos frequentavam a Escola secundária da Bela Vista.
“Foi no décimo ano, fazíamos parte da turma de saúde. O Paulo vinha da escola Ana de Castro Osório e foi integrado numa turma onde não conhecia praticamente ninguém. E foi muito fácil, logo desde o início, para nós que já estávamos da turma e para ele, travarmos ali uma amizade que aos 31 anos ainda perdura, comigo e com outras pessoas que já faziam parte dessa turma do décimo ano da área de saúde da Escola da Bela Vista”, disse.
“Eu tenho muita confiança na escolha, mas ainda tenho mais confiança porque o conheço. Sei que ele é uma pessoa muito empenhada, que irá lutar muito pela continuidade do nosso partido e por novos horizontes no nosso partido. Tenho a certeza que teremos um secretário-geral mais empenhado naquilo que é o crescimento do PCP”, concluiu a vereadora comunista da Câmara de Setúbal.
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