Afinal, o centro comercial Stop, no Porto, vai continuar a funcionar por tempo indeterminado. A notícia, avançada esta tarde pelo jornal Público, dá conta de uma providência cautelar interposta pelos proprietários das lojas daquele espaço comercial que têm servido de abrigo musical às milhares de bandas que por ali passaram, nos últimos 30 anos.

Em 8 de setembro, os proprietários e arrendatários do centro comercial Stop foram notificados pelos serviços da Câmara Municipal do Porto (CMP) de que tinham até 10 dias úteis para desocupar o edifício, prazo que terminaria hoje (22).

Mas Rui Moreira informou que a autarquia não conseguiu notificar a administração do condomínio da intenção de fechar o espaço.

Por seu lado, a Administração do Condomínio, apoiada pela Mesa da Assembleia, demonstrou “disponibilidade para o diálogo contínuo com a Câmara Municipal do Porto, no sentido de encontrar a solução definitiva para a regularização das condições de utilização do edifício do Centro Comercial Stop”.

Sabe-se que a administração do centro comercial, acompanhada por uma Comissão Técnica, teve uma reunião com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) para obter e prestar esclarecimentos sobre o relatório de segurança recebido a 4 de setembro.

“Essa reunião foi bastante proveitosa, permitindo clarificar os temas reportados no relatório, nomeadamente a administração informa que já estão em desenvolvimento várias medidas de mitigação imediatas e de correção de algumas constatações de insuficiências de segurança descritas no relatório”, descreve a administração.

O relatório confirma as falhas de segurança que podem pôr em risco os seus utilizadores, designadamente, a falta de saídas de emergência em caso de incêndio.

O edifício precisa de obras, mas não há dinheiro

Há muito tempo que é conhecida a necessidade de obras de reabilitação ao edifício tricolor envidraçado da Rua do Heroísmo onde, outrora, funcionaram cinemas, lojas várias, discotecas, cafés e bares e um parque de estacionamento. Desde há muito tempo que a administração do edifício alega não ter dinheiro para as obras.

Na quinta-feira, Rui Moreira, disse ser intenção do município organizar uma campanha de ‘crowdfunding’ juntamente com os músicos para angariar dinheiro para as obras de reabilitação necessárias no edifício.

“Estou muito empenhado em resolver o problema do Stop e lembrei-me que podíamos organizar um conjunto de concertos solidários, que fossem um ‘crowdfunding’, que poderia permitir ajudar os proprietários a fazer as obras mínimas para aquilo [Stop] poder funcionar. Temos a possibilidade de fazer isso no Coliseu e no Rosa Mota”, referiu o presidente da Câmara, dizendo que esta é uma “forma indireta” da autarquia ajudar os músicos e proprietários. “É um desafio à cidade (…) Gostava que as pessoas se mobilizassem”, disse o autarca.

Já numa publicação na rede social Instagram, também a associação de lojistas, músicos e artistas ALMA referia na quinta-feira que aquele centro comercial “não será encerrado, para já”.

O “stop” ao fecho do Stop, através da referida providência cautelar, permite dar tempo ao tempo que testemunhou a degradação do espaço. O mesmo tempo que levou os lojistas a abandonarem as lojas, mas, também, aquele tempo que as converteu em estúdios e salas de ensaio. Que transformou o espaço em cluster músico-social: fenómeno que motivou estudos e teses de mestrado.