“Muitos produtores acabaram com a sua produção em poucos dias. Alguns ainda têm fumeiro que continua a ser vendido através da plataforma, mas este formato superou todas as expetativas, foi um sucesso e é uma conquista para o futuro”, realçou o presidente Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã, Boaventura Moura.
A inevitabilidade, motivada pela pandemia de covid-19, de cancelar a feira física prevista para este fim de semana em Montalegre, e o receio de que dezenas de produtores de fumeiro não conseguissem escoar a sua produção, levou a associação, em parceria com a Câmara local, a criar o sítio na Internet ‘fumeirodemontalegre’.
Na plataforma, que permite a venda para todo o país de produtos típicos como salpicão, a alheira, o presunto ou o chouriço de abóbora, estão presentes 54 produtores de fumeiro daquele concelho do distrito de Vila Real.
Para Boaventura Moura, esta é uma “solução para o futuro” e que “veio para ficar” pois mesmo com o regresso da feira em formato presencial, esta solução “permite chegar mais longe”.
“Nunca houve uma procura como esta a nível do país e nunca se falou tanto de Montalegre. Dificilmente aparecia na feira alguém do Algarve e este ano vendeu-se para Algarve, Madeira e até Angola. Continuam a chover encomendas”, salienta.
O responsável pela associação de produtores explicou ainda que nem tudo correu bem e que “quer produtores quer compradores” tiveram que se adaptar à plataforma e dois técnicos da associação receberam formação para resolver esses problemas.
Apesar da aposta ganha, Boaventura Moura anseia pelo regresso do certame, apelidado como o ‘S. João das chouriças’ no formato habitual, com os expositores, animação e convívio.
“Para o ano cá estaremos todos prontos para receber os clientes na feira, assim esperamos. Haja ou não pandemia, a plataforma vai continuar”, garantiu.
No formato habitual todo o produto é controlado e pesado antes do início da feira, o que permite ter noção dos quilos vendidos e do retorno financeiro, algo que só mais tarde, quando se contabilizarem as vendas pela plataforma, será possível calcular na edição deste ano, acrescentou.
O vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, explicou à Lusa que uma das preocupações ao ser lançada a plataforma foi de garantir a “satisfação do cliente tal como é assegurada na feira com o controlo do produto à chegada”.
“A parceria com a associação produziu uma boa surpresa e esta estrutura criada vai ser importante para esta aposta no ‘cluster’ da alheira, presunto ou salpicão que tem muito para crescer”, sublinhou.
David Teixeira destacou ainda que os produtores estão “totalmente realizados” e que estão ultrapassados os receios de que a pandemia colocasse em causa o sustento de muitas famílias.
“Será importante manter esta nova dinâmica independentemente da feira voltar no próximo ano”, apontou.
A ausência da feira foi ‘colmatada’ com um evento em ‘streaming’ que durante a tarde de sábado permitiu aos emigrantes e visitantes habituais do certame reduzirem as distâncias para Montalegre.
“O público alcançado [cerca de 30 mil visualizações] foi surpreendente. A ideia de conseguir chegar a tanta gente é fantástica e fica a certeza da saudade que muitos sentem por esta terra”, frisou.
David Teixeira revelou ainda a intenção de no verão, e “caso a situação pandémica o permita”, em realizar um evento com destaque para alguns dos produtos do concelho.
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