“O juramento da Constituição pela princesa das Astúrias perante as Cortes Gerais [parlamento] é a expressão solene do compromisso de quem encarna a continuidade da nossa monarquia parlamentar com os nossos princípios democráticos e valores constitucionais”, afirmou Felipe VI.
O Rei de Espanha, chefe de Estado desde 2014, lembrou palavras dos pais da Constituição espanhola de 1978, “que hoje jurou a princesa das Astúrias” e que “trouxe a Espanha a liberdade e a democracia”, para sublinhar que a Coroa “simboliza a unidade e permanência” do país e que a Lei Fundamental resultou de “uma união de vontades”.
“Demonstrou que éramos capazes de conviver unidos e com respeito, de aceitar a diferença e a discrepância. Não só aceitá-las, mas também, e sobretudo, de as fazer possíveis. A Constituição de 78 fez-se entre todos e para todos”, disse o monarca.
Felipe VI falava no início de um almoço no Palácio Real de Madrid, após a cerimónia no parlamento em que Leonor de Borbón jurou respeitar os direitos dos cidadãos e das regiões autónomas reconhecidos na Constituição de 1978, saída da transição espanhola da ditadura para a democracia.
Esta foi a segunda vez na democracia espanhola que houve este juramento, depois de Felipe VI, então príncipe das Astúrias, ter feito o mesmo em 1986.
O juramento de Leonor de Borbón foi igual ao que fez o seu pai em 1986, mas o parlamento a quem se dirigiu é bem diferente, numa Espanha que vive agora um momento político marcado pelo protagonismo de partidos nacionalistas e independentistas e onde, na última década, ganharam lugar e espaço forças extremistas, tanto de esquerda como de direita.
Na sessão especial de hoje das Cortes (Senado e Congresso dos Deputados), ao contrário do que aconteceu em 1986, não estiveram os deputados dos partidos da Catalunha, da Galiza e do País Basco nem os presidentes dos governos autónomos catalão e basco.
Estiveram também ausentes deputados e outros membros das formações de esquerda que integram a plataforma Unidas Podemos, incluindo três ministros, que são republicanos e recusaram participar numa cerimónia que reconhece uma instituição, a monarquia, que consideram um anacronismo.
Na intervenção que fez hoje, Felipe VI disse que a filha faz parte de uma geração que tem ideias e um modelo de ver o mundo e a vida próprios, mas “a obrigação dos mais velhos” é deixar-lhe “o melhor” que tem Espanha, um país “de liberdade, convivência e progresso”, apesar das “enormes dificuldades” dos últimos 45 anos de democracia.
Antes das palavras do Rei, o primeiro-ministro de Espanha, o socialista Pedro Sánchez, defendeu que Leonor de Borbón “renovou e deu mais futuro” hoje à “promessa sobre a qual” se construiu “a convivência” entre os espanhóis.
Para Pedro Sánchez, esta terça-feira foi um dia importante “e muito significativo” tanto para a princesa como “para a história de Espanha”.
“Nesta Espanha democrática, livre e moderna, o futuro escreve-se com cada ação e também com as decisões que tomamos. E hoje, esse futuro vê-se enriquecido pelo papel que sua alteza [Leonor de Borbón] começará a desempenhar a partir de agora”, acrescentou Sánchez, que prometeu, “lealdade, respeito e afeto do Governo” à herdeira da Coroa espanhola.
Num discurso curto, também no Palácio Real, Leonor de Borbón reiterou o seu compromisso com “os princípios democráticos”.
“Peço-vos que confiem em mim”, disse a herdeira da Coroa espanhola.
Fora das cerimónias públicas de hoje esteve o rei emérito de Espanha, Juan Carlos I, que abdicou da Coroa em 2014 e vive nos Emirados Árabes Unidos por causa dos casos de corrupção e outras polémicas.
Juan Carlos I viajará hoje, porém, para Madrid, mas para estar, durante a tarde, numa celebração privada e familiar dos 18 anos da neta.
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