“Continuamos a considerar os rankings uma fraude repetida anualmente em que se compara o incomparável”, disse o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, após uma reunião do secretariado nacional da federação sindical.
Mário Nogueira assinalou ainda que o ministro da Educação, João Costa, “continue a disponibilizar informação que permite elaborar produtos que marginalizam as escolas públicas e discriminam os seus alunos”.
Para o secretário-geral da Fenprof, as escolas públicas, ao contrário dos colégios privados não escolhem os alunos, mas “recebem todos”.
“Ainda bem que assim é, oxalá que assim continue a ser”, salientou.
Também hoje, o ministro da Educação atribuiu aos ‘rankings’ das escolas divulgados pela comunicação social um estatuto de “operação comercial”, ao hierarquizarem estabelecimentos de ensino em função dos resultados dos exames, ignorando variáveis de contexto socioeconómico.
“Olho para a escola que aparece num dos rankings no último lugar, a Escola Secundária da Baixa da Banheira. Essa escola tem uma percentagem de alunos de 70% com Ação Social Escolar, tem uma percentagem de alunos migrantes elevadíssima e o trabalho que essa escola faz para garantir que aqueles alunos que recebem, sem condições em casa, que muitas vezes chegam à escola com fome, chegam à conclusão do ensino secundário, requer um esforço muito maior do que pegar numa elite de alunos muito privilegiados, que têm uma série de recursos que pagam explicações etc… e levá-los a melhores resultados”, defendeu João Costa, em entrevista à RTP.
A presidente do Conselho Nacional da Fenprof, Manuela Mendonça, afirmou que os ‘rankings’ não avaliam escolas.
“Há 22 anos, anualmente no dia em que saem os ‘rankings’ das escolas a Fenprof toma posição, denunciando o que é uma mistificação. […] Isso tem vindo a tornar-se mais claro. Não se podem comparar escolas cujas realidades educativas são distintas”, indicou.
De acordo com Manuela Mendonça, não é possível comparar uma escola privada, que seleciona os seus alunos, com uma escola pública que recebe todos os alunos.
“Embora os ‘rankings’ existam fundamentalmente para promover o ensino privado, […] há também muitos outros dados, nomeadamente estudos, que provam que há mais alunos das escolas privadas a entrar nas universidades, porque têm médias mais elevadas, mas na universidade os alunos que se saem melhor são os alunos das escolas públicas”, acrescentou.
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