Segundo os resultados apresentados hoje pelo secretário-geral da Fenprof, 91% dos 321 agrupamentos e escolas não agrupadas inquiridos na semana passada revelaram ter falta de assistentes operacionais (AO), um problema que, lembra Mário Nogueira, é antigo.

Em cerca de 20% das escolas, os diretores revelaram ter uma carência superior a 10 trabalhadores e em 42,8% o número de AO em falta é de entre cinco a uma dezena.

“São problemas estruturais que as escolas já tinham e a que este, como governos anteriores, não deram resposta, mas que agora, na fase em que vivemos de pandemia e de cuidados acrescidos, ganhou ainda maior importância”, referiu o dirigente sindical.

Segundo o dirigente sindical, que falava aos jornalistas junta à entrada da Escola EB 2,3 Marquesa de Alorna, em Lisboa, no total, as escolas públicas precisam de ser reforçadas com mais cerca de 5 mil AO e o reforço do Governo de 500 trabalhadores é insuficiente.

O problema, acrescenta, é ainda mais preocupante, tendo em conta as exigências acrescidas de higiene impostas à escola para o próximo ano, devido à pandemia da covid-19.

“Lembremo-nos que, quando o [ensino] secundário abriu, aquilo que foi dito foi que a limpeza era de tal ordem exigente que os AO tiveram formação com membros das forças armadas. Agora chegamos ao momento em que dizemos que podem ser os professores a ter de fazer essa limpeza”, lamentou.

Por outro lado, a falta de profissionais nas escolas estende-se também aos professores e 75% dos diretores inquiridos pela Fenprof revelaram que na semana anterior ao início do ano letivo continuavam a faltar docentes.

“Este é um problema que pode ser ainda mais grave do que no ano passado”, alertou, referindo que no próximo ano muitos professores não poderão dar aulas por fazerem parte de grupos de risco para a covid-19.

Os resultados revelam ainda que em 61% dos agrupamentos o reforço de recursos humanos direcionado aos alunos com necessidades educativas especiais não se verificou, bem como o reforço anunciado de professores para apoiar na recuperação de aprendizagens, que não chegou a 85% das escolas.

No levantamento que conduziu entre 09 e 11 de setembro, a Fenprof também inquiriu os diretores sobre as condições de segurança nas escolas e, segundo os resultados, 84% admitiram que não é possível respeitar o distanciamento físico de, pelo menos, 1,5 metros.

Em mais de metade das escolas (52,5%) nem o distanciamento mínimo de um metro, aconselhado pelo Ministério da Educação, é respeitado.

“Porque as turmas não se puderam dividir, esse distanciamento mínimo não é respeito”, explicou Mário Nogueira, sublinhando que, nestes casos, “o distanciamento entre os alunos na sala de aula é de centímetros”.

Por outro lado, 45% dos diretores queixaram-se de verbas insuficientes para adquirir os produtos de limpeza e desinfeção e cerca de 30% admitem que o valor destinado à aquisição de equipamentos de proteção individual não chega para o 1.º período.

“Esta é uma fotografia deste início de ano letivo”, disse o secretário-geral, considerando que, se as medidas não forem mais exigentes e se não forem criadas as condições necessárias, as escolas vão voltar a encerrar.

“Nós achamos que nada substitui o ensino presencial, mas se as medidas não forem exigentes, rigorosas, se não forem aquelas que se recomenda para a comunidade, o que vamos ter é rapidamente escolas a fecharem”, sublinhou Mário Nogueira.

O ano letivo arranca entre hoje e quinta-feira, com o regresso de alunos e professores às escolas e ao ensino presencial, interrompido em março devido à pandemia da covid-19.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 924.968 mortos e mais de 29 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.871 pessoas dos 64.596 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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