Em comunicado enviado à agência Lusa, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) justificou a decisão favorável alegando um dos fundamentos foi a importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial, enquanto “reflexo da identidade” da comunidade em que a tradição se originou e se pratica.

“Foram igualmente consideradas a produção e a reprodução efetivas que caracterizam esta manifestação do património cultural na atualidade, traduzida em práticas transmitidas intergeracionalmente no âmbito da comunidade de Campo Maior, com recurso privilegiado à oralidade”, lê-se no comunicado.

Tradição secular e realizadas pela última vez em 2015, as festas são conhecidas por apresentarem dezenas de ruas “engalanadas” com flores de papel.

A iniciativa, promovida pela Associação das Festas do Povo de Campo Maior, envolve a ornamentação das ruas, sobretudo do centro histórico, com milhares de flores em papel feitas pela população.

As festas só se realizam quando a população da vila alentejana quer e são reconhecidas internacionalmente pela sua “originalidade e cariz popular”, com os habitantes a prepararem, durante meses, a ornamentação das ruas.

Contactado hoje pela Lusa, o presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, António Ceia da Silva, manifestou-se “bastante satisfeito” por ter sido dado este passo por parte da DGPC.

De acordo com Ceia da Silva, a partir de agora, é possível candidatar as festas à classificação de Património Cultural Imaterial da Humanidade, em 2019, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

“Podemos obter mais um ‘selo’, que é de grande reconhecimento por uma festa ímpar, única, que tem características muito interessantes do ponto de vista popular e que esperamos que seja Património da Humanidade”, disse.

Ceia da Silva recordou ainda que a Turismo do Alentejo e Ribatejo, entidade que propôs à DGPC a inscrição das Festas do Povo no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, está a trabalhar “há muitos anos” na candidatura a apresentar à UNESCO.

“Sabemos que são processos morosos, mas tudo indica que, pelos contactos que mantemos, que existem fortes possibilidades de as festas serem classificadas no próximo ano”, acrescentou.

O presidente da Câmara de Campo Maior, Ricardo Pinheiro, manifestou-se também “muito feliz” com a inscrição das festas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

“Foi dado mais um passo rumo à classificação pela UNESCO, ao fim de quatro anos de trabalho. A valorização desta arte é absolutamente fantástica e deixa-nos uma responsabilidade enorme”, disse.

A preparação das Festas do Povo de Campo Maior é feita rua a rua, sendo que o trabalho desenvolvido em cada uma delas fica em segredo, mesmo para amigos e familiares dos moradores, e só é dado a conhecer na noite da enramação (quando são decoradas as ruas).

Em 2015, perto de 7.500 voluntários prepararam a última edição das Festas do Povo, na qual participaram 99 ruas, numa extensão de cerca de 10 quilómetros.

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