As incursões militares de tropas francesas sobre o território português, entre 1807 e 1811, são o ponto de partida para o Festival Novas Invasões que durante quatro dias recriam o espírito das guerras peninsulares, abrindo portas à invasão de culturas de vários países.

Torres Vedras, cujas linhas defensoras travaram a invasão das tropas, deixa-se agora invadir por propostas culturais dos países envolvidos no conflito (Portugal, França, Reino Unido e Espanha) mas, sobretudo do Japão, escolhido como país invasor da segunda edição do festival bianual, que arrancou em 2015.

A escolha tem por base o facto de o escritor japonês Kazuo Dan (1912 –1976) se ter radicado em Santa Cruz, praia onde entre 1971 e 1972 se dedicou à poesia e onde em 1992 foi erigido um monumento em sua memória.

No epicentro do festival, apresentado hoje à comunicação social, haverá um mercado do século XVIII, que funciona como um cenário e um palco, “estabelecendo a conexão entre o presente e o passado”, divulgou a organização do evento que, segundo a vereadora da Cultura, Ana Umbelino, “celebra a interculturalidade” e aproxima povos, através de atividades como cinema, dança, exposições, música, novo circo, leituras e recriações históricas.

Igrejas, largos, praças-fortes, cineteatros e sedes das associações culturais integram quase uma vintena de locais onde, nesta segunda edição, o público poderá ouvir Hiroshi Okita ou o Carrilhão LVSITANVS (o maior e mais pesado carrilhão itinerante do mundo, composto por 63 sinos e que pesa aproximadamente 12 toneladas).

O novo circo que chega de Inglaterra e as peças de teatro de Espanha e Portugal são outras das propostas do festival onde será também possível assistir a documentários e ciclos de cinema japonês.

Na dança, o programa destaca Min Tanaka e o novo conceito de “hiperdança”, com apostas nacionais como o “Baile Gaiteiro”, que percorrerá várias ruas da cidade.

Exposições fotográficas, instalações sonoras evocando as invasões francesas ou instalações artísticas com panos brancos e vermelhos nas janelas da cidade são outras das intervenções culturais que espelham a invasão de culturas.

Durante o certame será ainda apresentando "Terra Queimada", o romance histórico de Eduardo Gomes, dedicado às Invasões Francesas.

Em 2015, na primeira edição, com o Chile como país invasor, o festival atraiu cerca de 15 mil visitantes, número que a organização espera este ano aumentar.

O Festival Novas Invasões é uma organização da Câmara Municipal de Torres Vedras em parceria com várias associações culturais do concelho, cujo conceito tem estado a ser desenvolvido desde 2010, aquando das comemorações do bicentenário das Linhas de Torres, uma estrutura defensiva constituída por 177 fortes e redutos que impediu as tropas francesas de Napoleão Bonaparte de invadirem Lisboa em 1811.

O festival tem periodicidade bianual e, em cada edição, um país 'invasor' diferente.

Todos os espetáculos acontecerão ao ar livre, com entradas gratuitas.