Em causa está gesto que Lilesa fez ao cruzar a meta, na maratona masculina. O atleta cruzou os braços, como se estivesse de mãos atadas, em defesa da etnia Oromia, cujas manifestações foram reprimidas com violência pelo governo.
O vencedor da medalha de prata na maratona masculina, disse que realizou este protesto "pela atitude do governo" do seu país "contra a etnia Oromia. Tenho familiares na prisão no meu país. Se falas de democracia matam-te”, disse.
“Se eu voltar à Etiópia, talvez me matem ou me prendam", contou o atleta etíope, que pertence a esta etnia, durante a conferência de imprensa no final da prova. "É muito perigoso viver no meu país. Talvez tenha que ir viver para outro país. Protestei pelas pessoas que, em qualquer lugar do mundo, não têm liberdade", acrescentou.
Getachew Reda, porta-voz do governo citado pela Fana, veio a público afirmar que "Lilesa não terá nenhum problema por causa do seu posicionamento político". "Apesar de ter expressado o seu ponto de vista político nos Jogos Olímpicos, o atleta será acolhido quando voltar para casa, assim como os restantes membros da equipa olímpica etíope".
A Etiópia vive atualmente um momento sem precedentes de contestação anti-governo, que começou na região Oromo (centro) em novembro, e que se tem vindo a espalhar nas últimas semanas para a região Amhara (norte).
Números da Human Rights Watch apontam para 400 mortos e milhares de detidos em junho na Etiópia, altura em que o governo tentou travar os protestos realizados por membros da etnia Oromia, que lutam desde novembro de 2015 contra a perseguição do governo.
Os membros da etnia Oromia manifestam-se regularmente desde esta data contra um projeto de apropriação de terras. Várias dezenas de manifestantes foram mortos também a 7 e a 8 de agosto, na região sul do país.
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