"Este é um dia histórico. Uma nova era começou", disse o Presidente finlandês, Sauli Niinistö,

O anúncio foi feito numa conferência de imprensa conjunta com o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, e a primeira-ministra do país, Sanna Marin, no palácio presidencial em Helsínquia.

O chefe de Estado finlandês defendeu que a adesão da Finlândia à NATO “é uma prova de poder da democracia” e lembrou que essa decisão tem o aval da maioria dos cidadãos, dos partidos políticos e do parlamento (Eduskunta).

“A Finlândia vai maximizar a sua segurança e isso não representa um perigo para ninguém”, declarou Sauli Niinistö, numa alusão à vizinha Rússia, que encara a adesão deste país nórdico à NATO como uma ameaça.

Segundo a Associated Press, é expectável que o parlamento finlandês apoie a decisão nos próximos dias, uma formalidade deste processo.

O pedido de adesão será então enviado para Bruxelas, para a sede da NATO.

É expectável que tal aconteça no decorrer da próxima semana.

Isto acontece um dia após o líder russo, Vladimir Putin, ter avisado a Finlândia que fim da neutralidade militar seria um "erro".

Na sequência da guerra na Ucrânia, a Finlândia e a Suécia iniciaram um debate sobre a adesão à NATO, que, a concretizar-se, significará o abandono da histórica posição de não-alinhamento dos dois países.

Rússia avisou a Finlândia de que será forçada a tomar medidas de retaliação, “tanto técnico-militares como outras”, se o país aderir à NATO.

Também hoje, na Suécia, os sociais-democratas, atualmente no poder, irão pronunciar-se se apoiam a candidatura.

Com o apoio dos deputados sociais-democratas passaria a existir uma larga maioria no parlamento sueco a favor da candidatura do país à Aliança Atlântica.

Os sociais-democratas suecos têm sido, desde a criação da Aliança Atlântica, em 1949, a principal força política de oposição à adesão, uma linha ainda reafirmada no último congresso do partido em novembro.

Na sexta-feira, as autoridades suecas divulgaram um relatório do Governo e dos partidos sobre a possível adesão, em que são apontadas vantagens para a entrada da Suécia, incluindo para a segurança no norte da Europa.

A Rússia partilha 1.340 quilómetros de fronteira terrestre com a Finlândia e uma fronteira marítima com a Suécia.

MNE destaca “boa base de otimismo” contra divergências no alargamento da Aliança

O ministro dos Negócios Estrangeiros português destacou hoje existir uma “boa base de otimismo” relativamente à adesão da Finlândia e Suécia à NATO, que permitirá resolver as “questões em aberto”, nomeadamente as divergências apontadas pela Turquia.

“Penso que há uma boa base de otimismo [porque] todos nós estamos conscientes de que divergências que possam existir são sempre pequenas face àquilo que é verdadeiramente importante, que é o reforço da Aliança e o reforço da segurança da Finlândia e da Suécia”, declarou João Gomes Cravinho.

Falando no final da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Berlim, o chefe da diplomacia portuguesa realçou que “a Turquia, a Finlândia e a Suécia estão num processo de diálogo para resolver as divergências”, após Ancara se ter mostrado reticente face ao alargamento da Aliança Atlântica.

“Aquilo que aconteceu hoje foi uma repetição, já entre nós – a 30 [e sem os chefes da diplomacia finlandesa e sueca] –, do apoio fortíssimo em relação à adesão da Finlândia e da Suécia e a própria Turquia diz que tem como objetivo que a Finlândia e a Suécia possam entrar, mas tem algumas preocupações e a Finlândia e a Suécia saberão como resolver as questões em aberto”, adiantou João Gomes Cravinho, em declarações aos jornalistas portugueses.

Para permitir a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, é necessário o aval dos 30 membros da Aliança Atlântica.

Na véspera da reunião na capital alemã, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestou-se desfavorável à entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, por acolherem militantes curdos que a Turquia considera como terroristas.

Foi a primeira voz dissonante no seio dos 30 aliados a propósito desta matéria.

A entrada de um novo Estado-membro na NATO requer unanimidade, o que significa que a Turquia poderá bloquear a adesão dos dois países escandinavos, cuja candidatura deverá ser formalizada nos próximos dias.

Porém, já no sábado, o porta-voz de Recep Tayyip Erdogan veio garantir que a Turquia “não fecha a porta” à entrada destes dois países nórdicos na Aliança Atlântica.