Ao mesmo tempo, a empresa de ‘ratings’ manteve a perspetiva estável, o que indicia a manutenção da notação ora reafirmada na próxima avaliação.

Em comunicado, a agência atribui a sua decisão, por um lado, à ponderação das capacidades institucionais de Portugal, em que se situa acima dos outros países com a mesma classificação em variáveis como rendimento por pessoa ou desenvolvimento humano, e, por outro lado, à melhoria de indicadores económicos e orçamentais conjugada com níveis elevados de dívida pública e externa e vulnerabilidades no setor financeiro.

A Fitch salientou que a tendência de redução da dívida pública manteve-se desde a última revisão do rating de Portugal, em 15 de dezembro, que melhorou em dois patamares a nota atribuída, de BB+ para BBB, o segundo nível da categoria de investimento.

O que se passou desde então reforçou o entendimento da agência de que a trajetória de redução da dívida é firme e vai continuar no médio prazo.

Para estes desenvolvimentos positivos contribuiu a recuperação económica, que atingiu um máximo em 2017, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,7%.

A Fitch espera agora uma desaceleração neste crescimento, para 2,2% em 2018 e 1,8% em 2019, em linha contudo com a economia europeia, relativiza.

Ainda do lado das boas notícias, a Fitch apontou a melhoria no mercado de trabalho e a descida da taxa de desemprego, sem se notarem pressões nos preços e salários, prevendo mesmo que a inflação vai continuar controlada nos próximos dois anos.

Onde os problemas se mantêm é no setor bancário, resultado da crise financeira, apontando o nível elevado do malparado (3,3% no final de 2017), as débeis perspetivas de rentabilidade num ambiente de baixas taxas de juro.

Acrescem os custos de recapitalização que se vão continuar a fazer sentir. Assim, a Fitch admite que o Novo Banco venha a receber mais apoio público, em 2018 e 2019, equivalente a 0,4% do PIB, tanto em 2018, como em 2019.

Por junto, a Fitch enuncia algumas condições que podem fazer variar num sentido positivo ou negativo.

Assim, das relativas à melhoria do rating, menciona a continuação da descida da dívida em termos de PIB, demonstração de um forte potencial de crescimento no médio prazo e a manutenção de um forte crescimento das exportações, que aumente o saldo positivo da balança corrente e reduza rapidamente a dívida externa líquida.

Ao contrário, a nota agora reafirmada pode ser revista em baixa se houver uma reversão na redução da dívida expressa em percentagem do PIB, uma deterioração das condições financiamento e a persistência dos problemas no setor financeiro, que obrigue a um adicional e significativo apoio público ou que prejudique a estabilidade financeira ou as perspetivas de crescimento.