Em declarações à Lusa, Filinto Lima, da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, disse que participou há cerca de 15 dias numa reunião com elementos do Ministério da Educação, onde esteve o secretário de Estado, que “passou a ideia de que a flexibilização curricular não seria generalizada no próximo ano letivo”.
“É para avançar no próximo ano letivo, mas em algumas escolas. O secretário de Estado deixou a ideia de que seria um projeto-piloto e nós apoiamos essa ideia. É mais prudente”, afirmou Filinto Lima.
O jornal i escreve hoje que o primeiro-ministro “deu instruções a Tiago Brandão Rodrigues para não avançar com a flexibilização curricular e evitar riscos no arranque do ano letivo”, que este ano começará a cerca de um mês das eleições autárquicas.
Questionado pela Lusa, Filinto Lima considerou que já não há muito tempo para que o processo pudesse avançar em todas as escolas: “as escolas ainda estão a dar parecer sobre o documento e estamos muito e cima do acontecimento”.
“Trata-se de mudanças estruturais muito importantes e, se for para avançar no próximo ano letivo apenas com projetos-piloto, a estratégia não estará mal pensada”, afirmou Filinto Lima, sublinhando que a oposição também se deveria envolver.
“É uma boa estratégia, mas achamos que deveria ser mais alargada aos partidos da oposição. Uma matéria tão importante como o currículo dos alunos, a par da avaliação, devia merecer comprometimento também da oposição”, defendeu.
Quanto às escolas que testarão o projeto-piloto – que o jornal i diz serem 50 –, Filinto Lima explicou que tanto podem ser os estabelecimentos escolares a propor avançar com projetos como o Ministério a convidar as escolas.
Em fevereiro, o secretário de Estado João Costa tinha estimado que, se tudo corresse bem, no próximo ano letivo as escolas estivessem a trabalhar com base “num novo referencial completo” nos anos iniciais de ciclo, com os alunos do1.º, 5.º. 7.º e 10.º ano já abrangidos pela flexibilização de currículos.
Esta flexibilização de currículos permitirá, segundo tem vindo a afirmar o Ministério, dar uma autonomia em 25% do currículo às escolas, o cruzamento de disciplinas e mais trabalho experimental.
Já na terça-feira, na Comissão Parlamentar, o ministro Tiago Brandão Rodrigues garantiu que qualquer mudança que se faça na Educação, incluindo os currículos, será feita “de forma gradual”, recusando estar a revogar qualquer estrutura curricular ou a proceder a qualquer alteração abrupta.
Comentários