“As consequências do incêndio naquela zona são catastróficas, sobretudo para a flora, pois o zimbro não tem capacidade de regenerar e pode levar mais de 200 anos a recuperar. Ao nível da fauna, trata-se de uma zona que tinha a maior colónia de abutres do país, com 33 casais de grifos”, afirmou à agência Lusa Samuel Infante, da Quercus.

O ambientalista, que classificou esta destruição pelo fogo como uma catástrofe, explicou que na zona estava um casal de abutre preto, outro de abutre do Egito, um casal de águias de Bonelli (espécie em perigo de extinção) e dois casais de cegonhas pretas, além de outras espécies.

Esta destruição, sublinhou, pode provocar uma diminuição da população animal, até porque nesta época do ano “as crias ainda não voam, pelo que ou está tudo morto ou saltaram para o chão antes do fogo”.

“O mais provável é que esteja tudo morto”, frisou.

Os ambientalistas já contactaram o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e ainda hoje vão para o terreno tentar perceber as consequências da destruição provocada pelo incêndio.

“A Quercus irá para o terreno, hoje, com equipas multidisciplinares para fazer o ponto da situação e recolher eventuais animais feridos”, disse.

Samuel Infante espera que a situação ao nível da fauna se possa reverter, nem que se recorra à reintrodução, mas sublinhou que ao nível da vegetação vai levar muito mais tempo.

“Infelizmente continuamos com a política da monocultura e o resultado está à vista. O resultado é este, com a conjugação de uma seca extrema, ventos fortes e monocultura. Com estes cenários, vamos continuar a ter incêndios”, sustentou.

O fogo florestal deflagrou no domingo no concelho de Castelo Branco, mas chegou ao município vizinho de Vila Velha de Ródão, mantendo-se ainda ativo.

As chamas passaram também para Nisa, no concelho de Portalegre, mas neste caso estavam hoje de manhã dominadas em cerca de 90%.

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