Foram mais de duas semanas presos numa caverna. Devido a inundações resultantes das monções, a equipa e o seu treinador viram a saída bloqueada. Por nove dias, as equipas de resgate não os encontraram, uma vez que o acesso ao local só é possível via mergulho através de túneis escuros e estreitos, cheios de água turva e correntes fortes.

Para um dos jovens, Adul Sam-On, de 14 anos, foi “um milagre” que ele e os seus colegas tenham sido encontrados. Em conferência de imprensa, informaram que não tinham comida e que sobreviveram por beber água da chuva que escorria pelas pedras das paredes.

Foi ainda referido que tentaram sair da caverna, sem sucesso. "Nós tentámos sair porque achámos que não podíamos esperar que as autoridades nos resgatassem", explicou o técnico Ekkapol Chantawong.

Usando uma camisola com o desenho de um javali, em referência ao nome da equipa de futebol “Javalis Selvagens”, os adolescentes apresentaram-se individualmente, depois de terem improvisado passes com uma bola no local da conferência de imprensa.

Os médicos que acompanhavam os adolescentes decidiram antecipar a alta por um dia e as autoridades  permitiram que o grupo falasse com a imprensa antes de seguir para casa devido ao enorme interesse provocado pela história. 

"Os meios de comunicação têm muitas perguntas e por isso realiza-se a conferência. Depois [os jovens] poderão voltar para a sua vida normal, sem o assédio dos jornalistas", declarou o porta-voz do governo Sunsern Kaewkumnerd à AFP.

Especialistas advertiram que os jogadores da equipa “Javalis Selvagens” e o seu treinador poderão sofrer transtornos a longo prazo, devido à intensa experiência vivida na caverna de Tham Luang, no norte da Tailândia.

A conferência intitulada "Enviando os Javalis Selvagens para Casa" foi transmitida pelas principais redes de televisão durante cerca de 45 minutos. Contudo, não se tratou de uma conferência de imprensa coletiva usual: o departamento de relações públicas da província de Chiang Rai solicitou as perguntas antecipadamente à imprensa para submetê-las aos psiquiatras, além de contar com um moderador.

Os médicos avisaram as famílias dos jovens entre os 11 e os 16 anos de que deverão evitar que falem com jornalistas durante pelo menos um mês após o regresso a casa. A recomendação dos médicos talvez seja difícil de cumprir, devido ao interesse suscitado pela história, inclusive por parte de Hollywood.

A operação de resgate, que envolveu centenas de pessoas, incluindo mergulhadores, foi concluída na terça-feira, 10 de julho, com a saída das últimas quatro crianças e do treinador.

As restantes crianças já tinham sido resgatadas no domingo e na segunda-feira.

O grupo de 12 rapazes e o treinador foram explorar a área depois de um jogo de futebol no dia 23 de junho.

O local onde os jovens ficaram presos situa-se a cerca de quatro quilómetros da entrada da gruta, num complexo de túneis com zonas muito estreitas e alagadas pelas chuvas da monção que afetam a zona, o que obriga a que parte do percurso tenha de ser feito debaixo de água e sem visibilidade.