Na audição desta manhã, na nona sessão do julgamento, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, abreviada por uma falha inicial no sistema eletrónico e pelo rápido testemunho, o especialista da Judiciária que se dedicou à análise deste disco rígido revelou que, apesar de ter sido apreendido sem encriptação, continha alguns ficheiros que não eram de livre acesso e sobre os quais a PJ não tomou a iniciativa de abrir, mesmo após se iniciar a colaboração com o arguido.
“Com o volume de trabalho que tínhamos, nem os tentámos abrir. Continuamos sem saber [o que tinham]. Eram alguns ficheiros espalhados, não eram muitos e não os tivemos em conta”, frisou José São Bento.
Questionado pela defesa de Rui Pinto sobre a localização original do computador, a partir do qual foi feita a cópia para o disco RP3, o especialista reconheceu que “não é possível aferir” o local.
O tema foi alvo de insistência por parte do coletivo de juízes, que quis perceber se era viável determinar com precisão a geolocalização dos dispositivos, mas o especialista da PJ apenas explicou que era possível estar tanto em Budapeste, como noutro lugar.
O julgamento do processo Football Leaks prossegue hoje de tarde com a audição de outro especialista da Polícia Judiciária, Afonso Rodrigues.
Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
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