O secretário Frank Kendall disse a jornalistas que a Força Aérea precisa de aplicar melhor as regras que regem o acesso a informações classificadas, focando-se no ”princípio de longa data” de que um militar “não pode olhar para algo classificado a menos que haja uma razão legítima para tal”.
“Só porque alguém tem um certo nível de autorização não significa que tenha acesso a todo o material desse nível. Estamos a analisar algumas práticas em torno disso”, indicou o secretário da Força Aérea, acrescentando não acreditar que essa regra tenha sido aplicada com o vigor necessário.
Os advogados do Departamento de Justiça disseram na semana passada que os superiores de Jack Teixeira – militar norte-americano suspeito de uma das maiores fugas de informação do Pentágono na última década – expressaram preocupação em várias ocasiões sobre o seu uso de informações altamente classificadas.
Os superiores expuseram a questão em documentos judiciais em que instaram um juiz a manter Teixeira detido enquanto aguarda pelo julgamento.
Teixeira, um membro da Guarda Nacional da Força Aérea de Massachusetts de apenas 21 anos, é acusado de compartilhar documentos altamente confidenciais sobre questões importantes de segurança nacional num ‘chat’ de conversação na plataforma Discord.
Como resultado dessa fuga de informação, Kendall deu aos líderes da Força Aérea 30 dias para examinar de perto as práticas internas. Um inspetor-geral também está a investigar o caso.
O secretário da Força Aérea disse que há maneiras de ajustar os sistemas digitais para que, quando as informações classificadas sejam colocadas ‘on-line’, nem todas as pessoas autorizadas tenham, de facto, acesso automático às mesmas.
Os procuradores indicaram ao juiz que Teixeira continuou a divulgar documentos mesmo após ter sido repreendido por superiores em duas ocasiões distintas no ano passado.
Um memorando de setembro da 102.ª Unidade de Informações da Guarda Aérea Nacional diz que Teixeira foi visto a anotar informações classificadas e a colocar as anotações no bolso.
Teixeira foi instruído na ocasião a parar com as anotações sobre informações classificadas de inteligência, diz o memorando.
Outro memorando, datado do final de outubro, diz que um superior foi informado de que Teixeira estava “potencialmente a ignorar a ordem” que lhe havia sido dada no mês anterior para abandonar a ”investigação exaustiva a informações de inteligência”.
O memorando diz que Teixeira participou numa reunião e fez “perguntas muito específicas”. O jovem foi instruído novamente a concentrar-se no seu trabalho, e não em investigações profundas a informações classificadas.
Desde então, foram levantadas questões sobre os motivos que levaram os oficiais militares a não tomar nenhuma providência para travar o jovem e sobre o facto de Teixeira ter continuado a ter acesso a informações classificadas mesmo após os seus superiores terem levantado preocupações.
Teixeira irá permanecer em prisão preventiva até julgamento, segundo uma decisão tomada por um juiz na semana passada.
De acordo com os procuradores, Teixeira apresenta um risco de perigosidade.
O militar encontra-se detido desde o início de abril, por acusações decorrentes da divulgação ilegal de informação considerada “altamente confidencial”, respondendo por crimes ao abrigo da Lei de Espionagem.
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