Após a manifestação, responsáveis nigerinos disseram à imprensa que a França tinha disparado munições reais contra a multidão.
“Contrariamente às afirmações de alguns oficiais militares nigerinos, não foram utilizados meios letais pelas forças de segurança francesas”, declararam os Ministérios dos Negócios Estrangeiros e das Forças Armadas franceses num comunicado de imprensa conjunto.
Um golpe de Estado no Níger, liderado pelo general Abdourahamane Tchiani, derrubou o Presidente eleito, Mohamed Bazoum, na passada quarta-feira.
Tchiani justificou o golpe de Estado com a “deterioração da situação de segurança” num país assolado pela violência dos grupos fundamentalistas islâmicos.
Milhares de manifestantes a favor do golpe de Estado reuniram-se no domingo em frente à embaixada francesa em Niamey, a capital do Níger, antes de serem dispersados por gás lacrimogéneo, tendo resultado seis feridos.
Alguns dos manifestantes tentaram entrar no edifício, outros arrancaram a placa onde se lia “Embaixada de França no Níger”, antes de a pisarem no asfalto e a substituírem por bandeiras russas e nigerinas.
“A Embaixada de França em Niamey foi ontem (domingo) violentamente atacada por grupos visivelmente preparados, que as forças de segurança nigerinas não conseguiram controlar totalmente”, lê-se no comunicado conjunto dos dois ministérios franceses.
“A França recorda que a segurança das instalações e do pessoal diplomático, bem como a dos residentes estrangeiros, são obrigações decorrentes do Direito Internacional e, em particular, das Convenções de Viena”, prosseguem no comunicado.
Os soldados nigerinos que derrubaram o Presidente Bazoum acusaram hoje a França – a antiga potência colonial do Níger e apoiante convicto do chefe de Estado deposto – de “querer intervir militarmente”, um dia depois de uma cimeira dos vizinhos do Níger, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ter ameaçado usar a “força” se no prazo de uma semana não fosse reposta a legalidade constitucional.
A ministra alertou ainda para a possibilidade de que a Rússia tente aproveitar-se do golpe de Estado no Níger, considerando que a crise no país africano tem “todos os ingredientes habituais para a desestabilização ao estilo russo-africano”.
Também em Paris, fontes da Presidência francesa divulgaram hoje que o Presidente Emmanuel Macron falou com Mohamed Bazoum, e com o seu antecessor, Mahamadou Issoufou, bem como com alguns líderes de países da CEDEAO para tentar encontrar uma solução para a crise no Níger.
Em particular, Macron falou com os Presidentes da Nigéria, Chade, Costa do Marfim, Senegal e Benim, bem como com “parceiros europeus e internacionais (da França) envolvidos na resolução da crise nigerina”, acrescentaram as fontes.
“A França condena firmemente o golpe militar ilegítimo e exige o restabelecimento da ordem constitucional e do Presidente Bazoum”, acrescentaram.
“A prioridade é a segurança dos nossos cidadãos e das nossas empresas”, adiantaram as fontes.
O Níger, antigo território colonial francês, é um parceiro estratégico da França, que tem atualmente cerca de 1.500 militares no país envolvidos na luta contra extremistas islâmicos.
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