Arnaud Beltrame, de 44 anos, que chegou estar destacado no Iraque, estava a lutar pela vida no hospital desde o ataque terrorista, onde tomou voluntariamente o lugar de uma refém no supermercado Super U em Trèbes, França.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, prestou homenagem ao oficial declarando que "caiu como um herói" nos ataques perpetrados sexta-feira no sudoeste de França e merece "a admiração da nação inteira". O tenente-coronel Beltrame ofereceu-se em troca da libertação de reféns ao 'jihadista' autor dos ataques de Trèbes e Carcassonne, dando "provas de uma coragem e de uma abnegação excecionais", acrescentou Macron em comunicado.

Pouco antes, a morte do oficial tinha sido anunciada pelo ministro do Interior francês, Gérard Collomb, na sua conta da rede social Twitter. "O tenente-coronel Arnaud Beltrame deixou-nos. Morreu pela pátria. Nunca a França esquecerá o seu heroísmo, a sua bravura, o seu sacrifício", escreveu o ministro. "De coração pesado, encaminho o apoio do país inteiro à sua família, aos seus amigos e aos seus companheiros" da polícia, acrescentou.

Os ataques desta sexta-feira, 23 de março, ocorreram em Carcassonne e Trèbes, no sul de França e provocaram cinco mortos, incluindo o atacante, que foi abatido pelas autoridades.

O autor do ataque, identificado como Redouane Lakdim, 25 anos, sequestrou trabalhadores e clientes num supermercado de Trèbes, afirmando agir em nome do grupo extremista autoproclamado Estado Islâmico (EI). Antes, roubou um automóvel em Carcassonne e, no caminho para Trèbes, disparou seis tiros contra um grupo de quatro polícias, ferindo um deles, sem gravidade, segundo fontes próximas da investigação.

Lakdim era conhecido das autoridades por crimes menores e por tráfico de droga, mas também esteve a ser vigiado pelos serviços de informação em 2016/2017 por suspeitas de relações com movimento radical salafista, avançou o procurador Francois Molins.

Arnaud Beltrame, que acabou por falecer no hospital por causa dos ferimentos, integrava a equipa de agentes que primeiro chegou ao local do sequestro. A maioria das pessoas no supermercado conseguiu fugir depois de encontrar refúgio numa sala frigorífica, acabando por escapar através de uma porta de emergência. O agente ofereceu-se para tomar o lugar de uma pessoa que ainda estava refém do atacante, o que veio a acontecer. Na troca, o agente deixou o seu telemóvel em cima de uma a mesa com a linha aberta, permitindo às autoridades acompanhar o que se passava no interior o edifício. Quando a equipa de intervenção entrou no local para matar o atacante, Beltrame foi atingido três vezes, segundo a polícia.

A sua morte eleva o número de vítimas para quatro. Ontem, devido a informações contraditórias prestadas ao Governo português, suspeitou-se que um cidadão nacional estava entre os mortos, o que não se veio a confirmar. “Trata-se de uma vítima portuguesa que está gravemente ferida no hospital”, disse José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades, adiantando que, “felizmente, não pereceu neste ataque terrorista”.

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O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os ataques, divulgou a agência de propaganda dos ‘jihadistas’, Amaq.

Este ataque é o primeiro desta dimensão desde a eleição do presidente Emmanuel Macron, em maio do ano passado.

A tomada de reféns acontece com França ainda em estado de alerta, após a série de atentados desde o ataque contra a redação do jornal 'Charlie Hebdo', em janeiro de 2015, que deixou 12 mortos.

A onda de atentados extremistas fez 238 mortos e centenas de feridos em 2015 e 2016. Vários ataques ou tentativas de ataques tiveram como alvo militares ou polícias.

As autoridades temem novos atentados, apesar do aumento das medidas de segurança instauradas pelo governo. São dez mil polícias e militares espalhados pelas ruas, estações e lugares turísticos.

O Estado Islâmico, que perdeu quase todo o território que conquistou no Iraque e na Síria, onde autoproclamou um califado em 2014, geralmente ameaça França em represália pela sua participação na coligação militar internacional que luta contra os seus combatentes nos dois países do Médio Oriente.

O último ataque reivindicado pelo Estado Islâmico em França aconteceu em Marselha, a 1 de outubro do ano passado. O tunisiano Ahmed Hanachi, de 29 anos, matou dois jovens em frente à estação Saint-Charles antes de ser abatido por militares.

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