Ao refletir a radiação solar, as cores claras evitam o armazenamento de calor na envolvente do edifício e os defensores desta solução citam prontamente, como exemplos ancestrais, as famosas aldeias brancas das Cíclades ou da Andaluzia.

“Esta é uma das soluções hoje recomendadas, porque permite responder ao impacto da radiação solar em superfícies que irão refletir esta radiação em vez de captar calor”, explicou esta sexta-feira, à agência France-Presse (AFP), Christine Leconte, presidente do Conselho Nacional da Ordem de Arquitetos.

“Não existe uma solução única para reduzir o calor na cidade”, acrescentou, no entanto.

Christine Leconte apontou que para responder ao impacto da onda de calor nos edifícios, deve haver um leque de soluções que se adaptem a diferentes contextos.

Para a habitação, as medidas mais importantes consistem em proteger as janelas da radiação solar e repensar o planeamento urbano de forma mais ampla, criando mais espaços verdes na cidade.

“Não estamos a fazer do telhado branco uma solução milagrosa, mas estamos a começar a integrá-lo nas nossas políticas públicas”, contou Margot Belair, assistente de planeamento urbano da Câmara Municipal de Grenoble (sudeste), uma cidade dirigida por ambientalistas.

A solução de telhado branco é especialmente popular em edifícios de escritórios, salientou Arthur Gilardi, diretor de vendas da ARKsolutions, uma PME em Toulouse, no sudoeste de França.

“Temos pessoas que precisam de conforto porque já não podem trabalhar nos seus espaços e não têm sistema de ar condicionado”, sublinhou.

"E o segundo motivo é a economia de energia. Como se está a arrefecer o edifício, utiliza-se menos ar condicionado. Pode-se economizar em 40% o ar condicionado", garantiu Arthur Gilardi.

Trabalhar em grandes edifícios também permite ser mais eficiente, defendeu Julien Martin-Cocher, vice-gerente geral da Cool Roof France, empresa pioneira em pintura reflexiva.

“Para fazer 10 mil metros quadrados, o equivalente a um Stade de France, numa superfície comercial, vou demorar uma semana. Se o fizer em 100 casas de 100 metros quadrados cada, vou demorar três meses", apontou.

No entanto, permanecem dúvidas sobre a eficácia destas tintas desenvolvidas pelo seu efeito refrescante, salientou Stéphane Hameury, diretor operacional do Centro Científico e Técnico de Construção (CSTB).

“Não está completamente comprovado hoje, com a robustez científica esperada”, alertou.

Surge também “a questão da sustentabilidade destes sistemas”, que devem permanecer brancos para cumprir a função, acrescentou. Por fim, o uso de tinta branca em fachadas ou telhados pode ser desagradável à vista por ter efeitos ofuscantes.