A confirmação desta visita foi feita a 10 de fevereiro, também em Luanda, pelo chefe da Diplomacia portuguesa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, prevendo-se reuniões de Francisca Van Dunem com membros do Governo angolano e responsáveis do sistema judicial.
Além disso, na quinta-feira, a ministra deverá participar em Luanda num fórum sobre os serviços de Justiça.
Esta visita acontece uma semana depois de o Ministério Público português ter acusado o procurador Orlando Figueira e o vice-Presidente de Angola (e ex-presidente da Sonangol) Manuel Vicente, no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais.
Até ao momento, nenhum elemento da cúpula do Governo angolano em Luanda ou do MPLA comentou esta acusação.
Francisca Van Dunem, escolhida em novembro de 2015 por António Costa para ministra da Justiça, foi procuradora-geral distrital de Lisboa durante oito anos e fez toda a carreira profissional como magistrada no Ministério Público.
Nasceu em Luanda a 05 de novembro de 1955, no seio de famílias conhecidas de Angola – Vieira Dias, pelo lado materno e Van Dunem pelo paterno.
Na altura da sua nomeação, o vice-procurador-geral da República de Angola, general Hélder Pitta-Groz, disse que Portugal quebrou um “tabu” com a escolha de uma mulher negra para o Governo.
“Numa sociedade como a de Portugal não seria fácil, não foi fácil de certeza absoluta, que uma mulher negra chegasse a fazer parte de um Governo”, afirmou Hélder Pitta-Groz, questionado pelos jornalistas, a 26 de novembro de 2015.
“Também foi quebrar um bocado esse tabu que havia em Portugal: mulher negra não”, disse o vice-procurador-geral da República de Angola.
Francisca Van Dunem chegou a Portugal com 18 anos, para estudar direito, mas a revolução do 25 de Abril de 1974 apanhou-a no segundo ano do curso, tendo regressado temporariamente a Angola.
A ministra portuguesa é irmã de José Van Dunem, do setor ortodoxo e de obediência soviética do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, e cunhada da militante comunista Sita Valles, ambos mortos na sequência do golpe de maio de 1977 em Angola.
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