Num artigo de opinião hoje publicado no jornal Público, Francisco Louçã critica o processo de venda e defende uma via que não prejudique os contribuintes.

O Novo Banco “deve ser mantido como entidade separada e não incluída na CGD (Caixa Geral de Depósitos), mas deve integrar a banca pública para uma recapitalização ponderada ao longo do tempo e para uma gestão do crédito que estimule a economia”, salientou o conselheiro de Estado.

A instituição financeira está em processo de venda. Entre os concorrentes estão os fundos chinês China Minsheng e norte-americanos Lone Star e Apollo.

“Parece que o Novo Banco, ou Sérgio Monteiro, ou comentadores que transportam o recado estariam decididos a tentar forçar a mão do Governo para impor a venda imediata do Novo Banco. Os felizes contemplados poderiam ser a Lone Star ou, se um golpe de teatro assim o permitisse, o consórcio Apollo-Centerbridge, agora reforçado pelo carinho da família Violas, que anda de candeias às avessas com o BPI”, refere Francisco Louçã no artigo no Público.

No entender do economista, as “propostas de Sérgio Monteiro [que lidera a equipa que está a tratar da venda do Novo Banco] para o banco têm sido todas perigosas e estas não o são menos”.

De acordo com Louçã, a solução de Sérgio Monteiro só tem uma virtude clarificadora, a anuência do PSD e CDS.

“Monteiro, despachado por Passos Coelho, para esta função e sempre próximo de Maria Luís Albuquerque, tem cumprido o que dele se esperava, generosamente pago para tanto. Embrulhou as contas do banco, prospetou compradores, ofereceu condições e agora proclama a solução que lhe sobrou”, frisou.

Na opinião do ex-coordenador do BE, a “solução é má” porque os principais compradores são “flibusteiros, ou aventureiros provados no mar alto da finança mundial”, referindo-se aos fundos Lone Star, fundo Apollo e Centerbridge.

Para Francisco Louçã, os fundos “ameaçarão o banco, atacarão os clientes, arriscarão os depositantes”.

“A solução de Monteiro tem de ser evitada, tanto mais que há alternativas a este caríssimo ultimato quarta-feirista. Primeiro é melhor fazer as contas do Novo Banco com rigor. Segundo, o banco não pode continuar a viver arrastado para o fundo pelas operações não bancárias do tempo passado e deve livrar-se delas”, salientou.

O conselheiro de Estado considera contudo que o Governo “não alinhará na aventura”.

Em 3 de agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do Banco Espírito Santo (BES), depois de a instituição ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.

No chamado 'banco mau' ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas.

No 'banco bom', o banco de transição designado de Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.

Em dezembro de 2015 foram prolongadas as garantias estatais ao Novo Banco e a data limite para a sua venda foi estendida, por acordo com a Comissão Europeia, até agosto de 2017.