“Para garantir que em Celorico de Basto haja água no verão e a mesma não seja retida nas três barragens a montante da de Fridão, e para que não haja descargas e inundações no inverno, vamos lutar pelo embargo e cancelamento dessas três barragens”, revelou o autarca em declarações à Lusa, referindo-se às empreitadas em curso em Daivões, Gouvens e Alto Tâmega, incluídas no Sistema Eletroprodutor do Tâmega, concessionado à Iberdrola.
Notando que “tudo fará” para “defender o rio Tâmega” e “embargar a construção das três barragens”, Joaquim Mota e Silva sustentou ser esta a opção para o “drama colossal” que tem em mãos e evitar, “daqui ou dois ou três anos, um verdadeiro atentado” à região.
“A minha intenção é defender o rio Tâmega. Isso passará pelo embargo”, explicou.
Notando que “não foi estudado o impacto ambiental da não construção da barragem de Fridão conjugada com a construção de outras três a montante”, o autarca considera estar perante um “drama colossal” e um “problema grave”.
“Os estudos de impacto ambiental foram feitos com a realidade da construção de quatro barragens. Num cenário em que a mais a jusante não é construída, temos um problema grave nesta zona do Tâmega”, alertou.
O autarca esclareceu que, com a construção das outras três barragens, a zona do rio Tâmega do concelho de Celorico de Basto ficará, no verão, com “a água retida” naquelas infraestruturas e, “no inverno, cheias grandes”.
“Não quero, no verão, ver um fio de água no rio Tâmega no concelho e, no inverno, assistir a descargas. A minha consciência não me permite deixar isto passar em claro”, justificou.
Para o autarca, o cancelamento da barragem do Fridão, hoje anunciado pelo ministro do Ambiente, criou “um problema mais complexo” do que aquele que existia.
As barragens a que Joaquim Mota e Silva se refere são as de Daivões, Gouvens e Alto Tâmega, em construção nos concelhos de Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar, Boticas e Chaves, no distrito de Vila Real.
O Sistema Eletroprodutor do Tâmega é um dos maiores projetos hidroelétricos realizados na Europa nos últimos 25 anos, prevendo 1.500 milhões de euros de investimento e a criação de 13.500 empregos diretos e indireto durante o período de maior volume dos trabalhos (2018-2020).
O ministro do Ambiente anunciou hoje no parlamento que a barragem de Fridão, no rio Tâmega, não será construída e que “não há razões para a restituição de qualquer montante” à EDP.
Segundo o ministro, houve um desinteresse por parte da EDP e que o Estado não contraria, e face a esse desinteresse, não existem razões para a restituição da verba.
No início da atual legislatura, o Governo decidiu suspender a construção do empreendimento, para proceder à sua reavaliação, período que terminou na passada quinta-feira.
A barragem de Fridão, no rio Tâmega, consta há vários anos do Plano Nacional de Barragens, mas uma decisão definitiva sobre a construção daquele empreendimento hidroelétrico, que afeta vários concelhos (Amarante, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Mondim de Basto), tem sido sucessivamente adiada, num processo com avanços e recuos ao longo dos anos e vários governos.
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