“É uma greve com muito impacto, talvez uma das maiores greves dos últimos anos realizada pelos trabalhadores da Administração Pública”, disse o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), João Abrãao, que esteve hoje de manhã com o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), João Dias da Silva, numa ação na Escola Secundária Passos Manuel, em Lisboa, para apoiar os trabalhadores em greve.

José Abrãao fez um balanço da greve “muito positivo”, com “uma enorme adesão” dos trabalhadores.

“Há já centenas de escolas, neste momento, fechadas no país desde Vila Pouca de Aguiar, Bragança, Setúbal, Lisboa”, disse o dirigente sindical.

Esta informação foi corroborada pelo líder da FNE que referiu algumas escolas que estavam encerradas ao início da manhã, nomeadamente a Escola Passos Manuel, onde estavam alguns funcionários e dirigentes sindicais com bandeiras e cartazes com as frases “Pelo fim da precariedade – Por aumentos salariais” e “Respeito pelos trabalhadores não docentes.

Segundo João Dias da Silva, estavam encerradas, entre outras, a Escola Emídio Garcia em Bragança, escolas em Torres Vedras, Vila Pouca de Aguiar, Vila do Conde, a escola Fernando Lopes Graça, na Parede e a escola Eça de Queiroz, em Lisboa.

Na Ericeira, no Pinhal Novo, concelho de Palmela, e em São Domingos de Rana, concelho de Cascais, todas os agrupamentos de escola estavam fechados, e algumas na Bobadela, concelho de Loures, adiantou.

“Começam a chegar sinais que haverá ao longo do dia de hoje centenas de escolas que vão estar fechadas porque os trabalhadores querem demonstrar ao Governo que tem obrigação de negociar”, disse o líder da FNE.

Para José Abrãao, esta greve mostra o descontentamento dos trabalhadores da Função Pública.

“Já ontem [quinta-feira] houve escolas que fecharam, houve consultas que não se fizeram, mas hoje como estava previsto há uma grande adesão”, nomeadamente na recolha e transporte dos resíduos sólidos, nos bombeiros e também na área da saúde.

“Milhares de consultas não se vão fazer, blocos operatórios vão encerrar”, disse José Abraão.

O líder da Fesap disse que está a acontecer “um problema complexo” ligado aos serviços mínimos que estão estabelecidos e que os sindicatos querem respeitar.

“As administrações vêm sempre impor alguma coisa mais pela falta de pessoas, pressionando os trabalhadores como aconteceu no Amadora-Sintra, como aconteceu ontem [quinta-feira] em Braga e noutros hospitais em que os trabalhadores queriam fazer greve e lhes diziam que tinham que estar ao serviço. Isto tem de ser alterado senão daqui a nada os serviços mínimos são os serviços máximos e isto não faz sentido”, criticou.

João Dias da Silva salientou, por seu turno, que os trabalhadores querem com esta greve dar “um sinal ao Governo” de que tem de se sentar à mesa da negociação.

“Só há possibilidade de haver paz social com negociação, com concertação, com a intervenção das organizações sindicais para que sejam determinadas medidas de respeito e valorização dos trabalhadores da Administração Pública”, defendeu o dirigente da FNE.

Na base do protesto, que envolve sindicatos da CGTP e da UGT, está o facto de o Governo prolongar o congelamento salarial por mais um ano, limitando-se a aumentar o nível remuneratório mais baixo da administração pública, de 580 para 635,07 euros, na sequência do aumento do salário mínimo nacional para os 600 euros.