Filomena Tavares, da direção da RDN, disse que desde o passado dia 6 que Mama Saliu Sane, antigo diretor do órgão, assumiu-se como novo responsável da estação “sem que tenha sido nomeado por ninguém”.
“Na passada quarta-feira, o senhor Mama Saliu Sane, antigo diretor-geral, chegou aqui com polícias e mandou reunir o ‘staff’ que o diretor-geral, Baio Danso, nomeou e disse-nos que a partir daquele dia ele é que é o diretor-geral da Radio Nacional”, afirmou Tavares.
Falando numa vigília em que os funcionários empunhavam velas acesas, em “sinal de luto” na Radio Nacional, Filomena Tavares notou que a manifestação é para denunciar não só a forma como Mama Saliu Sane assumiu a rádio, como também a censura que tem sido imposta no órgão.
“Entendemos que isso é um assalto à Radio Nacional, uma falta de respeito aos funcionários desta rádio que acompanhou o processo da independência da Guiné-Bissau e que está a trabalhar para o desenvolvimento do país”, notou ainda Filomena Tavares.
Os funcionários anunciaram que a vigília iria decorrer até à tarde, mas a polícia dispersou os funcionários quando estavam a dar entrevistas para outros órgãos de comunicação social.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (Sinjotecs), Indira Correia Baldé, disse que todos os cidadãos guineenses devem solidarizar-se com os funcionários da RDN e denunciar o que se passa no órgão.
Correia Baldé considerou inaceitável a forma como Saliu Sane assumiu a rádio e critica ainda a prática de censura denunciada pelos jornalistas da estação.
“Tem de haver rigor e imparcialidade, ninguém pode aceitar a censura”, observou a presidente do Sinjotecs ao comentar relatos dos profissionais da RDN segundo as quais o novo responsável é quem dita as notícias que podem ser transmitidas na antena.
Elementos da força de segurança e de estabilização da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), estacionada na Guiné-Bissau, estão diante das instalações da RDN, bem como a Polícia de Intervenção Rápida (PIR).
Os funcionários abandonaram a estação que neste momento apenas emite música.
A Lusa está a tentar obter a reação de Mama Saliu Sané, mas ainda sem sucesso.
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento e demitiu o Governo eleito, no passado dia 04, na sequência de confrontos armados entre a Guarda Nacional e as Forças Armadas.
O Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e o líder do parlamento, Domingos Simões Pereira, tem refutado esta tese e promete que o órgão legislativo irá continuar a funcionar.
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