O Mundial serviu de pretexto para saber por que clube torcem os deputados à Assembleia da República (AR): benfiquistas dominam, mas há cada vez mais clubes representados no Parlamento. Este foi o mote para uma conversa mais alargada sobre desporto, assédio e corrupção no futebol - além dos palpites sobre quem será o novo campeão do mundo.
Dos 230 deputados à Assembleia da República 76 são do Benfica, clube dominante nos grupos parlamentares do PS e do Chega, 54 do Sporting, que vence na bancada do PSD, e 41 são do FC do Porto, o número mais elevado de que há memória.
E se o Parlamento é mesmo o espelho da nação, isso começa a notar-se nas preferências futebolísticas: 18 deputados nem falam nos três grandes e torcem por outros clubes: Gil Vicente, União de Leiria, Salgueiros, CD Chaves, Beira-Mar, Sporting de Braga, Vizela, Belenenses, Vitória de Guimarães, Académica de Coimbra, Espinho, Vitória de Setúbal e Santa Clara.
Há ainda 27 deputados que afirmam não ter clube e 15 que optam por jogar à defesa e não revelam a sua preferência. Por último, um deputado confessa dois amores: Paulo Pisco, do PS, eleito pelas comunidades de emigrantes na Europa, divide-se entre Benfica e Sporting.
O SAPO24 falou com um deputado de cada grupo parlamentar - em alguns casos nomeado pelos pares por ser o mais ferrenho, noutros voluntário à força -, e descobriu que a maioria se aventurou no desporto muito antes da política. Mas na AR também há uma Casa do Benfica e um Núcleo do Sporting, embora nunca se tenham confrontado.
PCP: "Até no futebol sou revolucionário"
É natural de Serpa, vive em Beja e o futebol acompanha-o desde a infância. Na terra onde morava quase todas as crianças eram do Benfica, na sua rua não havia exceções. O deputado João Dias explica na brincadeira que é do Sporting da mesma forma que é comunista: só para contrariar.
"Tinha seis ou sete anos e o Benfica estava quase sempre na mó de cima, o FCP ainda não tinha a supremacia dos últimos anos", recorda. Até o irmão, um ano mais novo, escolheu o Benfica. De maneira que optou por ser do Sporting. "Fui revolucionário até no futebol", diz com um sotaque alentejano cerrado.
Ainda assim, e apesar dos muitos desafios que tem recebido ao longo dos anos, não é sócio do Sporting. "Tenho andado um pouco hesitante. Muitas vezes a decisão é tomada em função de algum proveito; só a viagem, o preço dos bilhetes e uma refeição com a família fica em 200 ou 300 euros. Se vivesse em Lisboa, tinha mais vantagem em ser sócio", confessa.
Sempre fez desporto, "agora menos". Primeiro futebol, até aos 16 anos, quando percebeu que "dali não ia resultar nada", depois karaté, é primeiro Dan (cinturão preto). Por causa do trabalho na Assembleia da República não treina com a regularidade de antes, mas ainda pratica individualmente.
E faz corrida, pelo menos dez a 12 quilómetros ao fim de semana e um a dois treinos de cinco quilómetros durante a semana, dependendo "se estou mais ou menos cansado", o que serve para aliviar a tensão de outros combates.
Não é o deputado do PCP com responsabilidades nesta área, mas na legislatura anterior o partido apresentou três iniciativas no âmbito do desporto que contaram com a colaboração de João Dias. Uma foi aprovada, duas rejeitadas.
Dois dos projetos foram elaborados no âmbito da pandemia: "Muitas modalidades, como o andebol, o hóquei ou o voleibol, entre outras, vivem do associativismo, e durante a Covid-19 foram sacrificadas, os clubes ficaram com dificuldades em pagar equipamentos ou transportes".
Por isso, o Partido Comunista sugeriu um "regime excecional de pagamento das rendas", aplicável a inquilinos com perda de rendimentos igual ou superior a 20%, o que incluía clubes desportivos, mas não só. A proposta foi chumbada, com os votos contra do PS, PSD e CDS e a abstenção do PAN e IL.
O segundo projeto recomendava ao governo "medidas com vista à retoma da prática desportiva e normalização gradual das competições em contexto de pandemia". A recomendação foi aprovada por unanimidade.
Por último, uma tentativa de alterar a lei da "segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos". O PCP quis eliminar o "cartão do adepto" e as zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos, mas a proposta foi rejeitada, com votos conta do PS e CDS e a abstenção do PSD, Chega e um deputado do PS.
Sobre esta matéria, João Dias destaca os valores "benignos" do desporto, como "a cooperação e a solidariedade". E o futebol, diz, não foge à regra. É por isso, aliás, que acredita que o Mundial no Qatar pode mesmo ser positivo.
"Esses valores são transportados até para um país onde, reconheço, existem atropelos aos direitos humanos, mesmo em relação aos trabalhadores. Mas não podemos segregar de forma negativa esses países e deixá-los ainda mais isolados, pelo contrário. É levando até lá esses valores que o desporto defende e partilha que se consegue melhorar", acredita.
E lembra a ética do karaté, "um desporto menos agressivo, em que um dos valores fundamentais é o respeito pelo outro, pelo adversário. Sem ele não se cresce, não se aprende, não se evolui. Precisamos do outro para sermos melhores. No futebol também. Uma equipa não pode jogar sozinha contra a baliza. O respeito pelo adversário é importante e devemos exigi-lo a nós próprios".
"A decisão podia ser sempre deixar o qA a um canto, mas isso só iria agravar a situação. Exatamente por aqueles que precisam da nossa defesa, do nosso exemplo, não os podemos abandonar. A situação não é aceitável, mas devem encontrar-se outras soluções, até no quadro das relações internacionais, para se ultrapassar a situação, que é de repúdio. O futebol pode ser antes a mola impulsionadora para o respeito e valores que o desporto coletivo transporta. A posição do PCP é a de não entrar numa situação de criar muros, de entrincheiramento, uns de um lado, outros do outro. Isso não seria uma atitude e progresso", conclui.
Do Mundial, espera também outros resultados. Se tivesse de apostar, João Dias diria que as equipas a disputar a final do Mundial podem ser "o Brasil e a Espanha". Mas lembra "uma coisa que acontece com frequência: há equipas que vão crescendo à medida que a competição avança e há equipas que começam fortes e vão decrescendo". "É preciso manter o estímulo", diz. Entre os favoritos está igualmente a Argentina.
De resto, "Portugal tem todas as condições para chegar, pelo menos, às meias finais". Evidente que o cruzamento dos grupos tem peso e "importa que não exista um confronto direto entre o Brasil e Portugal numa fase precoce da competição. Mas entendo que Portugal tem equipa para disputar taco-a-taco com qualquer equipa do mundo, do Brasil à Espanha".
Ficar entre os primeiros quatro lugares será fruto de muito trabalho, muito suor e umas "pontinhas de sorte". "Não nos podemos esquecer que fomos campeões da Europa, mas dizer que foi só trabalho, mesmo tendo os jogadores o seu mérito, não seria justo para a sorte, aqueles 10% de sorte para chegar mais além".
Não há jogadores do Sporting na seleção nacional, mas João Dias nota que muitos foram "criados e formados no clube de Alvalade: "Mateus Nunes ainda há poucos meses estava no Sporting, João Palhinha ainda há poucos meses estava no Sporting e, do Cristiano Ronaldo ao Rui Patrício, passando por William de Carvalho, todos, até Pepe à experiência, passaram pelo Sporting".
E recorda a sua última participação no Núcleo do Sporting da Assembleia da República, um lanche-ajantarado com deputados e assessores, que contou com a presença do presidente do clube, Frederico Varandas, "precisamente no dia em que foi anunciada a contratação do treinador Rúben Amorim. "Estávamos expectantes, achando que, de facto, tinha sido um investimento elevado [ri]. E estamos em crer que virá a trazer mais frutos".
Por falar em treinadores, o PCP também tem um treinador novo, Paulo Raimundo. Será que vai trazer mais vitórias ou derrotas? "O problema não estava no treinador", assegura João Dias, "porque os jogadores estão bem entrosados e trocam bem a bola. Vamos manter um treinador com muita ligação às pessoas e, não sendo um treinador com currículo conhecido, vai manter o jogo com características humanas".
Se tivesse de entregar um cartão amarelo na Assembleia da República - "assim já muito alaranjado ou avermelhado" -, iria para "o partido que suporta o governo, porque, de facto, o que sentimos é que não correspondeu com o Orçamento do Estado às necessidades da população. Os mais carenciados não viram neste Orçamento um apoio, enquanto a área da energia e da banca mantém os seus lucros".
O cartão vermelho iria definitivamente para "um partido que, claramente, entende que o problema é o PCP existir, como se evidenciou nos últimos debates. Os governos não têm encontrado soluções, por isso partidos como o Chega aproveitam-se das dificuldades das pessoas, mas não trazem soluções. Temos sempre um cartão com a cor vermelha do PCP para aqueles que tem saudades de um regime do qual não temos saudade nenhuma", garante João Dias.
"Há ainda outro cartão, que poderá ser vermelho, para a Iniciativa Liberal, que cria no povo a ideia da liberdade, mas que deixa os que têm mais dificuldades para trás".
"Teria muitos cartões vermelhos para distribuir, mas não os podemos expulsar todos, queremos um debate democrático. Não gostamos de traçar linhas vermelhas, mas sabemos muito bem o que não queremos. Aliás, as linhas vermelhas passam a vida a mudar de sítio, mas não connosco, que somos coerentes e determinados nos nossos princípios".
Se é assim, por que motivo o árbitro, ou seja, os eleitores, tirou deputados ao PCP e deu deputados ao Chega? "Tem razão, mas o árbitro estava condicionado e nem sempre o VAR [Árbitro Assistente de Vídeo] está à disposição. Quando for ver a repetição da jogada, vai ver que grande parte das medidas que mudaram a vida das pessoas entre 2015 e 2022 foi por influência do PCP, embora quem estivesse no governo e a tirar dividendos políticos fosse o PS. Agora é que começamos a ver a repetição dos lances e a perceber que o árbitro foi mal aconselhado pelos fiscais de linha", justifica.
PS: "Não sou o mais ferrenho, sou só o que se assume melhor"
André Pinotes Batista, deputado do PS, é do Sporting, ao contrário da maioria do seu grupo parlamentar. "Até à década de 60 a minha família era toda do Benfica, sem exceção", conta. Era lá que jogava um tio-avô do pai - Raúl Batista, hoje no Museu Cosme Damião. Mas o tempo passou e chegou a vez do primo Alexandre Batista ser contratado pelo Sporting, nomeado capitão e levar a equipa à vitória na Taça das Taças, único título europeu do clube. "A família mudou-se toda para o Sporting".
Será que, seguindo a mesma lógica, ainda vamos ver o deputado noutro partido se o PS perder as próximas eleições? André Pinotes Batista ri e explica que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. "A mãe da minha filha, aliás, é do PSD. A minha filha ainda vai parar ao Bloco de Esquerda ou à Iniciativa Liberal", ironiza.
Pratica desporto desde que se lembra de ser gente, foi atleta federado de basquetebol e de kickboxing, modalidade em que chegou a campeão nacional. Mas "não gosto de pancada, deram-me talento para um desporto do qual não gostava e fui-me embora". Também praticou natação.
Nesta legislatura estava tão envolvido no desporto fora do Parlamento que entendeu que podia ser interessante estar na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, mas dois meses depois de a ter integrado decidiu o contrário.
"Com exceção de votos de louvor ou pesar, por opção, não participo em nada que tenha a ver com desporto. Não que exista um conflito de interesses, até porque acho que a maior parte dos conflitos de interesse são um pouco disparatados, falha o essencial. Mas, para mim, havia um conflito moral. E havia também alguma incapacidade de fazer aplicar coisas que considero importantes para o nosso desporto", conclui.
Que coisas, o que falta no desporto? "Falta, sobretudo, que o nosso corpo político assuma que é normal haver uma ligação entre a política e o desporto, que assuma que é normal que os deputados, os governantes, como qualquer cidadão, têm preferências. Tem de haver menos cinismo institucional relativamente a estes fenómenos, normais em toda a sociedade - e os políticos não levitam acima dela", dia André Pinotes Batista.
"De há vinte anos para cá ter políticos em eventos desportivos tornou-se uma coisa pesada. Temos um ministro das Finanças [Mário Centeno], um homem seríssimo, que viu o seu computador remexido, que teve uma investigação porque quis ver o Benfica. Penso que isso é sinal de tacanhez, não é sinal de avanço, nem de progresso, nem de transparência. Em Portugal incorporámos a ideia da promiscuidade do futebol com a política, mas isso é uma enorme hipocrisia e deixa-me perplexo".
Apesar de tudo, o deputado do PS "não tem dúvidas" de que a corrupção existe no futebol. "Estamos sempre a pensar nos três maiores, mas durante muitos anos fez-me confusão os grandes investimentos de fundos chineses ou do Médio Oriente em clubes da terceira ou da quarta divisão. Era muito estranho como se investia tanto em projetos dúbios, alguns dos quais acabaram por assassinar os clubes", afirma.
"Mas somos uma sociedade que adora futebol e temos uma ligação secular a este desporto, mas, no momento de revelar essa preferência publicamente, escondemo-la por receio", remata.
Por isso, optou por colocar as suas preferências clubísticas no registo de interesses enviado para o Tribunal Constitucional (embora o facto de ser sócio do Sporting ou de qualquer outro clube não esteja mencionado no registo de interesses na Assembleia da República, onde, no entanto, consta que foi comentador desportivo do Grupo Cofina).
André Pinotes Batista participou - e ainda participa - como comentador desportivo "num programa de muita audiência". Conta que "quase todos os deputados diziam que não viam o programa, mas quando chegava ao Parlamento à segunda ou a terça-feira todos, à exceção do Bloco de Esquerda, tinham um comentário a fazer sobre o que eu tinha dito. Era muito curioso".
Por isso insiste: "Os deputados não deixaram de ter as suas paixões, as suas preferências clubísticas, mas passaram a ter vergonha de as dizer. Isso, para mim, não faz sentido".
De facto, é no grupo parlamentar do Partido Socialista que está o maior número de deputados que optou por não revelar o seu clube.
O Estatuto dos Deputados é claro, e estabelece no Artigo 20.º as "Incompatibilidades". Assim, é incompatível com a atividade de deputado "integrar, a qualquer título, órgãos executivos de entidades envolvidas em competições desportivas profissionais, incluindo as respetivas sociedades acionistas". Isto, "sem prejuízo do disposto em lei especial".
A alteração é de agosto de 2021, mas em maio deste ano a UEFA anunciava que o deputado Tiago Brandão Rodrigues, do PS, iria liderar o inquérito aos incidentes da final da Liga do Campeões, o que consta no registo de interesses na AR, com início em junho e termo a 30 de novembro deste ano.
Cláudia Santos, também deputada do PS, é presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, função remunerada, com mandato até 2024, o que fez correr rios de tinta e uma chuva de críticas.
Ambos terão obtido pareceres favoráveis da Assembleia da República.
André Pinotes Batista afirma que não é indiferente tratar-se de futebol ou de outra modalidade. E recorda um programa em que participava com Fernando Rocha Andrade, também apaixonado por basquete, sobre a NBA [National Basketball Association]: "Aí os deputados já diziam que viam".
Para André Pinotes Batista isto "envolve um certo cinismo, porque depois os políticos estão nas comissões de honra, vão aos estádios, mas quase escondidos, não podem aceitar um bilhete do clube da sua terra. Isto já não tem nada a ver com transparência. No fundo, o meu ponto é que sabemos que há muito dinheiro a circular no futebol, muitas coisas estranhas, mas faz-me confusão que a ação dos políticos seja afastarem-se e fingirem que não têm as paixões que têm. Eu tenho esta paixão e assumo. Claro, depois vão dizer-lhe que sou o mais ferrenho, mas vou dar-lhe uma novidade, não sou, sou só o que se assume melhor, porque os outros todos ficam mais nervosos e com o batimento cardíaco mais alto, não quererem ter nada a ver com isto".
Por isso, se tivesse de entregar um cartão na Assembleia da República, seria "um cartão amarelo ao cinismo daqueles que adoram desporto e têm vergonha de o assumir".
De resto, considera que "quem não tem fair play na Assembleia da Republica é o Chega, se estivermos a falar de jogo justo. Se for no sentido de saber encaixar uma provocação ou de encaixar críticas, o Bloco é o partido mais sisudo relativamente a estas matérias", diz.
Até onde irá Portugal neste Mundial? "Realisticamente, penso que os quartos de final vão ser a nossa final, se tudo correr normalmente. A partir daí é tudo uma roleta. Mas se formos até ao quartos de final podemos considerar um sucesso, mesmo. As pessoas já têm uma noção errada de que em todas as edições do Europeu e do Mundial temos de ser favoritos, mas este tipo de torneios definem-se por detalhes. Isto é o previsível, depois é como os clubes portugueses na Liga dos Campeões: a partir daí é sonhar".
Quem irá disputar a final "é difícil de prever, mas, não tenho dificuldade em ver que a Espanha só com grande azar não está na final. Mas também podem lá estar o Brasil, a França e até Portugal. Para já, "o melhor jogador da seleção nacional é Bruno Fernandes, que tem sido notável, tem feito a parte criativa, tem feito a parte defensiva, tem sido um líder".
André Pinotes Batista é "a favor da candidatura de Portugal" à organização do Campeonato do Mundo de Futebol de 2030, em conjunto com a Espanha, "desde que não evolva a construção de nenhum estádio".
O deputado lembra que "temos um parque de infraestruturas superior à necessidade de qualquer evento que seja organizado com Espanha - até porque penso que o que vai acontecer é que Portugal não vai ter peso demográfico para se impor e será a Espanha a dominar. Mas isso não me aflige. Qualquer organização é excelente do ponto de vista da promoção de Portugal como país e também de promoção desportiva".
PAN. "CMVM não controla fluxos financeiros do futebol"
Livre e PAN não são grupos parlamentares, mas não têm problema em expressar a sua preferência clubística.
Rui Tavares, do Livre, é benfiquista e quando era miúdo "ia aos jogos no velho terceiro anel, com primos e amigos", e chegou a "fazer um treino de captação com o sonho de jogar à bola no Benfica". Até agora o partido não apresentou qualquer iniciativa parlamentar na área do desporto, mas ainda não passaram nove meses desde o início da legislatura.
O historial do PAN, como lembra Inês de Sousa Real, sportinguista, é diferente. O partido apresentou na legislatura anterior três iniciativas, uma delas de prevenção e combate à corrupção, fechando "uma porta giratória que tem existido entre a política e o mundo de futebol". O projeto chegou a ser aprovado, mas o PAN viria a prescindir da sua proposta em prol de outra do PSD (a alteração já mencionada sobre incompatibilidades).
Por outro lado, "há muito que o PAN vem defendendo o incentivo às práticas desportivas como forma de promoção da saúde e prevenção da doença, nomeadamente através da aprovação da dedutibilidade do IVA em ginásios", alcançada no Orçamento de 2021. No contexto da Covid-19, ainda, o partido propôs uma linha de financiamento para pequenas e médias associações desportivas
Mais recentemente, e a propósito do Mundial 2022, o PAN apresentou uma iniciativa "que pretende que o Parlamento faça uma condenação formal das violações de direitos humanos no Qatar, nomeadamente a exploração laboral dos trabalhadores migrantes, os direitos das mulheres e da comunidade LGBTI, incluindo as responsabilidades da FIFA".
Para Inês Sousa Real, o principal problema associado ao futebol é que "apesar de ser uma modalidade desportiva que move milhões de pessoas, nem sempre é palco para os melhores exemplos, seja pelos episódios de violência que se verificam dentro e fora das quatro linhas, seja pelos casos de corrupção ou, como agora, por, podendo passar uma mensagem forte em defesa dos direitos humanos, não ter optado pela realização desta importante competição internacional num país com um sistema democrático consolidado e respeitador dos direitos humanos".
"A corrupção é um fenómeno que não é aceitável seja em que domínio for. O futebol não é exceção", afirma Inês de Sousa Real, salientando que "os fluxos financeiros associados a este desporto" têm preocupado o partido, "tanto mais que nos últimos anos a Europol, a ONU e a União Europeia têm alertado para os riscos de branqueamento de capitais que lhe estão associados".
Nesta matéria específica, "o combate aos riscos de branqueamento de capitais no futebol pode ser combatido por via da criação de uma cleaning house que, no fundo, visa assegurar um controlo dos fluxos financeiros do mundo do futebol, um controlo que não tem sido feito de forma eficiente pela CMVM – conforme temos visto por uma série de fugas a impostos de clubes, jogadores e treinadores de futebol, que vêm sendo descobertas nos últimos anos na sequência de investigações da comunicação social ou pelos próprios adeptos".
Para a deputada "é contraditório que Portugal seja um dos países do mundo que mais lucra com transferências desportivas (entre 2011 e 2020 foram mais de 2,5 mil milhões de euros), e que depois as investigações da Autoridade Tributária só detetem fugas de impostos por parte de clubes de futebol, treinadores, jogadores e agentes desportivos, na ordem dos 4 milhões de euros - como vimos em 2018".
Inês de Sousa Real praticou durante alguns anos trampolins e ballet. Atualmente faz pilates uma vez por semana, "se bem que nem sempre a agenda parlamentar o permite".
Acredita que Portugal tem tudo para chegar à final, mas lembra que o país se tem destacado noutras modalidades e defende que, "mais do que resultados desportivos, não podemos deixar de apelar à seleção e aos seus jogadores para irem mais longe nas ações e gestos em expressa defesa dos direitos humanos no Qatar, como vimos fazer as seleções da Inglaterra, da Alemanha ou da Dinamarca".
PSD: "Muitos golos do PS não têm concretização"
Alexandre Poço, deputado do PSD, começa com uma cautela: "Como sabe, hoje em dia uma pessoa tem de ter cuidado com tudo, e a relação entre política e futebol é uma coisa mal vista". Mas é público que é sócio do Sporting e, por isso, não faz segredo do tema.
Quando era miúdo "andava sempre com uma bola de futebol para todo o lado", no tempo em que ainda se brincava na rua, nos anos 90, início dos anos 2000. A avó vivia numa praceta relativamente livre de carros e bastava "uma bola e quatro calhaus" para fazer a festa.
Sempre quis ser sócio do Sporting e entre os seus jogadores favoritos está o guarda-redes dinamarquês Peter Schmeichel, "que foi quem me inspirou a ser guarda-redes até aos 16 anos". Infantis, iniciados e juvenis, começou ainda num campo de terra-batida, no Porto Salvo.
Decidiu logo aí que quando recebesse o primeiro salário se faria sócio do seu clube de eleição. E assim foi, em 2014, quando começou a trabalhar numa consultora: "Comecei a trabalhar em setembro e, dois dias depois de o dinheiro cair na conta, fiz-me sócio", conta.
Mas também praticou caiaque. Hoje, o seu desporto é mais defender-se do PS. "Enquanto líder da oposição, tento pelo menos levar os temas que o PS anuncia ao vídeo árbitro (VAR), para mostrar que muitas jogadas que parecem golo, na prática, não são motivo para festejar. Por norma, não acabam anulados, mas acabam com falta de concretização, coisa que caracteriza muito as políticas do Partido Socialista: falta de concretização e falta de ambição. Mas com a nova estratégia da oposição temos de jogar menos à defesa e mais ao ataque".
Como se costuma dizer no fim dos jogos, é preciso continuar a trabalhar, diz Alexandre Poço. Ou, como diria Paulo Bento, ex-treinador do Sporting - que agora treina a Coreia do Sul, que na sexta-feira ganhou a Portugal -, "é preciso muita tranquilidade".
"Temos de continuar a trabalhar afincadamente para mudar este estado de coisas, sabemos que só haverá nova escolha em 2026. Na próxima eleição queremos ser o partido com mais adeptos e é para isso que estamos a trabalhar todos os dias; fazer oposição e mostrar alternativas", garante.
Alexandre Poço diz que "o governo está cansado, muitas vezes parece que já desistiu de tentar mudar o estado de coisas. E nós queremos dar a cada português um motivo para votar no PSD".
O sociais-democratas apresentaram duas propostas na área do desporto para o Orçamento de 2023, mas foram ambas chumbadas "pelo rolo compressor socialista, que chumbou 97% das propostas apresentadas pelos partidos da oposição", revela o deputado do PSD.
Uma das propostas previa um programa de devolução do IVA das empreitadas dos clubes de base local (como obras para melhorar instalações). A outra implicava baixar o IVA para os clubes desportivos também de base local.
Em outubro deste ano, o PSD apresentou um projeto de resolução pela criação de um Centro de Alto Rendimento no distrito de Évora. "Em 14 centros nacionais, apenas um está localizado a sul do Tejo, em Vila Real de Santo António, no Algarve. O Alentejo, mais uma vez, ficou esquecido", pode ler-se no documento, que agora será discutido na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.
Para Alexandre Poço o fair play na Assembleia da República é regra, mas também há momentos "em que vale tudo e é mais à canelada". Depende da circunstância. "Temos de andar sempre em cima do árbitro [presidente da AR], confiando que possa ser o mais isento possível, mas sabendo que já mostrou no passado que gosta de malhar em alguns".
Quanto à competição que se disputa no Qatar, aposta "nos eternos protegidos, Brasil e Argentina, que disputam se Deus é argentino ou brasileiro. Naturalmente, o meu espírito patriota leva-me a colocar Portugal entre os favoritos. Temos uma seleção recheada de craques e penso que não é por falta de talento individual que Portugal não conseguirá disputar o troféu. Mas a seleção faz-nos sempre sofrer", acrescenta.
Chega: "Cartão vermelho à má educação do BE"
Desta vez não foi com André Ventura - que a certa altura temeu ser mais conhecido por ser do Benfica e comentar futebol na CMTV do que pelas ideias que defendia enquanto líder do Chega -, que falámos, nem sobre futebol, nem sobre política.
Mas podemos assegurar que o grupo parlamentar é mais heterogéneo do que muitos possam pensar, integrando deputados do Sporting, do FCP e até sem nenhum culto especial por futebol.
O escolhido foi Jorge Galveias, benfiquista, que há cerca de 16 anos fez o livro "José Águas, Capitão dos Campeões", futebolista do Benfica que se estreou frente ao Atlético Clube de Portugal em 1950 e que confessou não gostar de jogar à bola, apesar das 25 internacionalizações (com 11 golos), e de ter que conquistado a Liga dos Campeões da UEFA como capitão de equipa em 1961 e em 1962.
O livro, "uma biografia baseada em testemunhos, que contou com a ajuda da filha do jogador, a cantora Lena d’Água", surgiu por acaso, "um convite do jornalista e amigo Fernando Correia, um desafio inesperado", conta o deputado do Chega.
O primeiro projeto de lei do Chega foi apresentado na legislatura anterior por André Ventura e tinha como objetivo alterar algumas normas aplicáveis ao "cartão do adepto". O projeto foi rejeitado, com os votos contra do PS e do BE e as abstenções de todos os restantes, à exceção da deputada Cristina Rodrigues, que votou a favor.
Também no Orçamento do Estado para 2023, como já tinha acontecido no de 2022, o Chega propôs a redução do IVA para os clubes regionais. A proposta não foi aceite, mas "será novamente apresentada como projeto de resolução", avança Jorge Galveias.
Sobre a corrupção no futebol, considera que o assunto é "complexo, basta ver o documentário "FIFA", e diz que o partido ainda não tem medidas concretas para apresentar.
O que já poderia apresentar era um cartão vermelho "à má educação dos deputados do Bloco de Esquerda", que "nem sequer respondem a um 'bom dia' ou 'boa tarde'".
O deputado do Chega confessa que nunca foi um "grande desportista", e à exceção do vólei no colégio, e, mais tarde, o squash, "sempre como passatempo", pouco ou nada fez.
Quanto ao Mundial do Qatar, acredita que a polémica chegou tarde e, tal como o Mundial de 2018, disputado na Rússia, deveria ter sido discutido na altura da decisão, há doze anos. Agora, "ao menos que sirva para levar ao mundo o sofrimento daquele povo", diz.
Quanto a resultados, gostaria de "uma final ibérica", um Portugal-Espanha.
IL: "A violência no desporto é muitas vezes potenciada pelos dirigentes"
Rodrigo Saraiva é ferrenho do Belenenses. "Como se costuma dizer, é a única doença que assumo ter", diz. Apanhou-a por vivência e escolha própria. O avô materno era angolano e, "mesmo vivendo quase toda a sua vida em Angola, era do Belenenses". Mas não foi a família que o encaminhou. Em miúdo fez vários desportos no Belenenses, de futebol ao rugby, mas praticou sobretudo andebol e basquete, como atleta federado.
Na adolescência já acompanhava jogos, não apenas no Estádio do Restelo, mas pelo país fora. Fez parte da claque do Belenenses, a "Fúria Azul", onde conheceu o ex-deputado do CDS, João Almeida.
"Mais tarde, no percurso da vida, fui começando a ter consciência do porquê da afinidade com o clube. A forma como encaro a vida tem muito a ver com aquilo que são os valores do Belenenses desde a sua fundação", explica Rodrigo Saraiva, deputado da Iniciativa Liberal.
"O Belenenses foi criado por um grupo de jovens, os chamados rapazes da praia, para fazer frente ao status quo do futebol que singrava então em Lisboa, sobretudo Benfica e Sporting", conta.
E recorda alguns momentos marcantes na história do clube, como o fecho do Campo das Salésias, inaugurado em janeiro de 1928 - e que em 1937 foi batizado como Estádio José Manuel Soares, em homenagem ao jogador Pepe, que morreu em 1931, e eleito melhor estádio do ano, com capacidade para 21 mil pessoas -, em 1956 e reaberto em 2016.
Mas também "o dia em que os jogadores do clube na seleção, ainda no tempo do Estado Novo, não fizeram a saudação fascista, já em protesto, ou, mais recentemente, a refundação do clube, quando os sócios do Belenenses, agora na 3.ª Liga, tomaram a decisão de recomeçar um percurso desportivo desde a última divisão. "Toda a história do Belenenses é de resistência e de luta contra o poder instituído", afirma o deputado.
Rodrigo Saraiva acredita que "há valores individuais" e "valores coletivos", mas é possível ter "espírito de equipa sem abdicar da individualidade de cada um", algo que "aprendi enquanto atleta e adepto do Belenenses e transportei ao longo da vida em muitos projetos profissionais, políticos e associativos".
Há uns anos, o presidente ainda em funções, Patrick Morais de Carvalho, convidou Rodrigo Saraiva para provedor dos sócios, função que exerceu ao longo de dois mandatos e que deixou quando passou a desempenhar funções públicas na Assembleia da República.
Ainda na legislatura anterior e com apenas com um deputado único, a IL apresentou um projeto de lei para acabar com o "cartão do adepto", "eliminando a discriminação e a estigmatização em recintos desportivos", uma alteração ao regime jurídico da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos.
Desta feita o diploma acabou aprovado por unanimidade, há exatamente um ano. "Com a negociata na especialidade entre PS e PSD não foi possível aprofundar a questão, como era o nosso objetivo inicial, mas já foi uma vitória em torno daquilo que é a liberdade dos adeptos para viveram o fenómeno desportivo, neste caso o futebol. É certamente um tema que voltaremos a levar à Assembleia da República em breve", promete Rodrigo Saraiva.
"O problema da violência no desporto não é um problema exclusivo das claques, é mais profundo e existe em todas as modalidades e em todos os escalões, não é um fenómeno apenas dos três grandes e seria melhor tratado se fosse olhado na sua plenitude", acredita o deputado da IL.
"É preciso olhar para todos os agentes envolvidos no fenómeno desportivo, começando pelos dirigentes, não só dos clubes, mas também dos organismos oficiais, treinadores, jogadores. Porque muitas vezes há fenómenos de violência no desporto potenciados por dirigentes. Os problemas devem ser enfrentados de forma séria e responsável", insiste.
Como é que isso se faz? "Talvez valorizando o fair play além da competição em si e tendo respeito por princípios constitucionais". Porque a lei obriga os Grupos Organizados de Adeptos (GOA) a um duplo registo, "primeiro quando são constituídos como associações, depois na base de dados do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). O registo cabe ao promotor do espetáculo.
Para Rodrigo Saraiva, deste Campeonato do Mundo de Futebol também fica mais ou menos presente uma questão que a IL tem feito questão de sublinhar, que é a da "necessidade de a política e o desporto terem uma distância saudável e profilática".
O deputado avança que "a IL tem recebido vários contactos de organizações desportivas, nomeadamente futebolísticas, para reuniões e para eventos, mas não temos aceitado, exactamente para proteger ambas as partes".
"Seria um bom sinal que deputados da Assembleia da República não estivessem em órgãos, sejam eles executivos ou de fiscalização, de entidades desportivas. Infelizmente, isso acontece". E menciona "o caso de uma deputada do Partido Socialista" [Cláudia Santos], que está num órgão da Federação Portuguesa de Futebol" e "a quem foi dado consentimento em relação à lista de conflito de interesses". "Nós discordamos, achamos que ali existe um conflito de interesses".
Em 230 deputados "é normal" que na AR "existam diferentes perfis e pessoas com mais ou menos fair play, pessoas com mais ou menos capacidade de encaixe. Mas penso que em termos globais há uma boa gestão e sabem diferenciar o que é o combate político em plenário ou comissões e o relacionamento nos corredores e nas conversas informais".
BE: "Representação política no Qatar era absolutamente dispensável"
"Não sou ferrenha, só sou ferrenha em comparação com os outros deputados do meu grupo parlamentar, que não ligam muito a futebol. Sou benfiquista assumida", clarifica Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, logo no início da conversa.
Não é sócia de nenhum clube e nunca praticou futebol, mas tem uma ligação ao desporto: fez competição no Clube da Natureza do Alvito, praticou sobretudo atletismo, mas também natação e outras modalidades que foi experimentando ao longo do tempo, e chegou a participar em competições regionais.
Só recentemente começou a acompanhar as questões do desporto - "ainda estou a receber a pasta" -, mas o BE tem vindo a apresentar diversas iniciativas parlamentares sobre a matéria.
A última proposta de projeto de lei foi apresentada em junho deste ano e tem a ver com a salvaguarda do uso eficiente de água potável e obrigava ao recurso a água proveniente de estações de tratamento de águas residuais para regar os campos de golfe. Para já foi rejeitada, com os votos contra do PS, PSD, Chega e IL.
Na legislatura anterior o BE apresentou quatro iniciativas: criação de um fundo de apoio ao desporto (iniciativa caducada da primeira vez e depois de reapresentada aprovada como recomendação ao governo); criação de um programa de férias desportivas e culturais (iniciativa caducada); proibição da prática de tiro a animais criados em cativeiro e libertados para servirem de alvo (iniciativa aprovada por unanimidade, mas entretanto caducada).
Joana Mortágua tem espreitado o Mundial pelo canto do olho. "O atropelo dos direitos humanos tem retirado o entusiasmo de muita gente sobre este Mundial, e ainda bem, porque significa que há uma consciência sobre os direitos humanos à qual o futebol só se sobrepõe em determinadas esferas", diz.
Essa esfera "é, obviamente, a da FIFA, a dos grandes negócios, a da corrupção". E dá como exemplo o facto de nem toda a gente saber como o Qatar foi escolhido para organizar e receber o Mundial.
Mas a crítica da deputada vai sobretudo para "a representação política de Portugal no Qatar ao mais alto nível - aliás, fizemos um projeto sobre isso -, absolutamente dispensável". Não só pela história que o envolve, como por comparação: "Não conheço muitos países que tenham decidido levar o presidente da República, o presidente da Assembleia da República e o primeiro-ministro ao Mundial do Qatar [para já António Costa ainda não foi, alegando doença].
As viagens foram autorizadas pela Assembleia da República, mas "foram os próprios que decidiram, e penso que revela alguma pequenez em matéria de decisão, que privilegia um suposto apoio à seleção nacional que podia ser dado a partir de Portugal" e que ainda por cima "está embrulhado, como várias outros temas, nas declarações do presidente da República, que pede para esquecermos os direitos humanos e depois vai para o Qatar falar do assunto" e cria um imbróglio diplomático, com o embaixador e as autoridades do Qatar a dizer que "estamos a exagerar".
Para Joana Mortágua, "tudo isto era absolutamente dispensável. A melhor forma de salientar a questão os direitos humanos, os trabalhadores mortos, os direitos LGBT ou os direitos das mulheres é não indo".
Por este motivo, o cartão vermelho vai para "Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, meu par, e em igual medida para o primeiro-ministro e para o presidente da República. Os três pela decisão de irem ao Qatar quando isso não era necessário", justifica.
São os direitos das mulheres que nos levam aos casos de assédio no futebol feminino, tornados públicos recentemente. O Bloco de Esquerda vai promover "uma série de iniciativas no Parlamento sobre o tema. Para o BE "a única forma de resolver a questão, sendo que há uma cultura de assédio na sociedade portuguesa - particularmente relevante no desporto porque implica uma relação hierárquica entre as atletas muito novinhas e os treinadores -, é criando um clima de impunidade: ter canais abertos de denúncia, haver investigação e credibilização das vítimas. Tolerância zero para estes casos", diz a deputada.
Quanto à corrupção, mais do que leis "faltam sobretudo meios para a Polícia Judiciária e as entidades judiciais investigarem e meterem uma celeridade nos processos que permita fazer justiça, ter condenados, aplicar sentenças".
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