"Não antecipemos as coisas", afirmou Jerónimo de Sousa, depois de ser repetidamente questionado sobre a sua permanência à frente dos comunistas, após uma reunião do comité central em que se preparou o congresso marcado para novembro, em Loures, distrito de Lisboa.
O secretário-geral comunista, 73 anos, e há 16 no cargo, repetiu que a questão da liderança não será um problema no congresso, garantiu que o processo quanto aos órgãos dirigentes e a escolha do líder é "um processo dinâmico" e que "não está fechado".
E se é certo que "a vida pesa", garantiu que está "fisicamente bem", com "capacidade para dar uma contribuição" ao partido.
No final, citando uma notícia de "um jornal de referência", o semanário Expresso, de há meses, que escreveu que Jerónimo podia "sair, ficar ou ficar mais um bocadinho", também alinhou, com um sorriso, na tese da "tripla".
"O melhor é jogar de facto na tripla tendo em conta que existe essa dinâmica que está longe de ter terminado" quanto aos órgãos dirigentes do partido.
"Mas deixemos os meus camaradas decidir", pediu, apesar de dizer que também a sua opinião será tida em conta e dizer "pela enésima vez" que a questão do secretário-geral "não será um problema" no congresso.
Jerónimo de Sousa admitiu pela primeira vez não se recandidatar à liderança do partido porque "é da lei da vida", embora frisando não ir "calçar as pantufas" e que se manterá como militante comunista, numa entrevista à Lusa em março de 2019.
Nos meses seguintes não repetiu a afirmação e manteve a dúvida.
No início de setembro, durante uma visita à festa do Avante, Jerónimo manteve o mistério sobre a sua continuidade ou não à frente dos destinos do partido, recusando a ideia de “tabu”.
"Tabu, não", respondeu, a rir, aos jornalistas referindo que "a vida tem a sua dinâmica".
O secretário-geral é eleito pelo comité central, no XXI congresso do PCP, agendado para novembro, que, antes, elege o novo comité central em resultado do debate interno que será feito nos próximos meses.
Na reunião de hoje do comité central foi aprovado o projeto de resolução política, também conhecido por teses, que serão discutidas pelas bases até às vésperas do congresso.
Escassas duas semanas após a festa do Avante, em que o PCP foi muito criticado por a realizar em tempo de pandemia de covid-19, os comunistas anunciaram já a data da próxima edição, de 03 a 05 de setembro de 2021, ano em que o partido assinala o seu centenário.
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