Em declarações aos jornalistas na Base Naval do Alfeite, em Almada, após ter assistido à cerimónia de largada da fragata D. Francisco de Almeida para participar numa missão da NATO, Henrique Gouveia e Melo considerou que o Governo “está muito empenhado em alterar o problema que o Alfeite tem criado no sistema de reparação naval”.
“E estamos muito confiantes de que vamos fazer esta alteração de modo a termos navios mais prontos e mais capazes cumprir as nossas missões e em tempo”, afirmou.
Já questionado se está mais descansado em relação ao funcionamento do Alfeite e aos salários que têm de ser pagos, Gouveia e Melo referiu que “está um processo em curso, que vai contribuir para a motivação e claro que forças motivadas e com mais vontade de fazerem as suas missões têm um desempenho diferente”.
“Esse desempenho diferente é essencial nestes momentos em que a Europa e o mundo ocidental vivem um perigo, em que nós estamos todos a lutar por uma coisa tão básica como a nossa democracia e o mundo ocidental”, referiu.
Nestas declarações aos jornalistas, Gouveia e Melo foi ainda questionado sobre o aumento do suplemento da condição militar em 300 euros, anunciado esta sexta-feira pelo Governo.
Na resposta, o Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) considerou que “é importante e justo”, salientando que “há muito tempo que era pedido”.
“A Marinha estava a perder quadros porque não conseguia compensar suficientemente esses quadros e motivá-los para estarem dentro das Forças Armadas. Há muito tempo que era desejável que isso acontecesse e que esses aumentos viessem”, afirmou.
Para Gouveia e Melo, os aumentos “são no mínimo justos porque, entre o que é pedido aos militares, a sua dedicação total e o esforço que lhes é exigido em momento de elevada tensão e complexidade, é justo que lhes seja reconhecido pela sociedade portuguesa o seu papel”.
“E uma das formas de reconhecer esse papel é através dos ordenados, dos subsídios que são necessários para garantir que as pessoas estejam nas Forças Armadas”, disse.
Interrogado se o aumento é suficiente, o CEMA respondeu: “O aumento é justo”.
“O país não é um país riquíssimo que possa aumentar todas as classes profissionais de forma, não vou dizer descontrolada, mas para além do que o défice permite. E, portanto, é o equilíbrio justo e nós estamos muito contentes pelo que foi conseguido e alcançado”, disse.
Gouveia e Melo afirmou que, ainda hoje de manhã falou com militares da Armada, tendo-os encontrado “bastante satisfeitos e finalmente com o sentimento de que lhes está a ser feita justiça pelo Governo e pela própria população que apoiou o Governo”.
No passado dia 19 de julho, o Governo anunciou que o Arsenal do Alfeite tem um novo conselho de administração, após demissão do anterior, e determinou que os responsáveis designados terão que apresentar um plano estratégico e de investimento com urgência.
Este anúncio teve lugar cerca de um mês depois de Nuno Melo ter afirmado, numa audição na Assembleia da República, que recebeu o Arsenal do Alfeite “tecnicamente falido” e que contraiu empréstimos de cerca de dois milhões de euros para pagar salários e cumprir obrigações fiscais.
O Arsenal do Alfeite já atravessou, no passado, graves problemas financeiros que se chegaram a traduzir em atrasos de salários e até do subsídio de Natal em 2020 aos mais de 400 trabalhadores que constituem esta empresa, responsável pela reparação e manutenção dos navios da Marinha portuguesa.
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