"Todos os que dizem que Portugal é uma 'lavandaria' [de dinheiro, referência a branqueamento de capitais] têm todo o direito, e o dever, de denunciar. Ficaremos contentes que denunciem", disse Carlos Costa aos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças (COF), em resposta ao deputado do PAN André Silva.
Na audição da COF, que decorre hoje na Assembleia da República, em Lisboa, o governador do Banco de Portugal acrescentou que "não basta criar uma 'nuvem' que prejudica o sistema financeiro português".
"Portugal aplica a lei e as autoridades de supervisão fazem-no de forma adequada", defendeu o responsável máximo do banco central, que considerou prejudicial, colocando em causa o "interesse nacional", caso prevaleça, no mercado, "a ideia de que 'isto' é uma 'lavandaria'".
Com um clima de suspeição, "estamos a dar um pretexto enorme para que nos classifiquem como um país de risco do ponto de vista financeiro", considerou Carlos Costa, recusando a ideia de que Portugal "é uma 'no man's land' [terra de ninguém]".
O governador disse ainda ter conhecimento de países onde os sistemas de proteção contra o branqueamento de capitais "são muito inferiores" ao português, mas que "nunca se atreverão a lançar um labéu" como em Portugal.
"Tentam contê-lo de forma a evitar danos à economia", considerou.
Recentemente, a ex-eurodeputada Ana Gomes (PS) e a empresária angolana Isabel dos Santos têm estado envolvidas em trocas de acusações na justiça devido a uma publicação na rede social Twitter.
"Isabel dos Santos endivida-se muito porque, ao liquidar as dívidas, ‘lava’ que se farta! E […] o Banco de Portugal não quer ver…”, escreveu Ana Gomes no Twitter.
Em 16 de janeiro, o Tribunal de Sintra rejeitou a ação cível apresentada pela empresária angolana Isabel dos Santos contra ex-eurodeputada Ana Gomes por considerar "o direito à liberdade expressão e informação da requerida [Ana Gomes] deverá prevalecer sobre os direitos de personalidade (reputação e bom nome) da requerente (Isabel dos Santos).
A empresária angolana Isabel dos Santos recorreu da sentença do Tribunal de Sintra sobre o processo por alegadas ofensas ao bom nome que moveu contra a ex-eurodeputada Ana Gomes, segundo o documento consultado pela Lusa.
A ação cível reclamava a retirada das publicações e o recurso insiste nesta ideia.
“Os tweets em causa deverão ser retirados sob pena de estarmos perante um dano continuado e irreversível na esfera jurídica da Recorrente [Isabel dos Santos], tendo a Recorrida [Ana Gomes], na sua disponibilidade a possibilidade de proceder à retirada das publicações on-line”, lê-se no documento.
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