O anúncio foi feito pela ministra da Presidência e da Modernização Administrativa esta quinta-feira, 13 de junho.

"O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto-lei que transfere integralmente as questões relacionadas com a gestão, operação, manutenção e modernização e ampliação do SIRESP para a esfera pública e, por consequência, a estrutura empresarial e do estabelecimento em que assenta atualmente o desenvolvimento dessas funções", disse Mariana Vieira da Silva.

A transferência será feita em 01 de dezembro de 2019 e o Estado vai pagar sete milhões de euros, que corresponde a 33.500 ações, afirmou, no final da reunião, o secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo.

O valor de "cerca de sete milhões de euros" foi apurado "com base na situação líquida da empresa em dezembro de 2018, contas devidamente auditadas e aprovados em assembleia geral, ao qual se aplica um desconto de 10%".

O pagamento, acrescentou Álvaro Novo, será feito de uma só vez, em 01 de dezembro de 2019, já depois das eleições legislativas de outubro.

O Estado fica assim com 100% do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal, por  7 milhões de euros — 5,5 milhões de euros para a Altice e 1,5 milhões para a Motorola.

Este é, ainda segundo o secretário de Estado, uma medida que "defende o interesse público, nomeadamente quanto ao bom funcionamento da rede de comunicações de emergência e segurança, e é feita em termos que permitem evitar disrupções no período mais crítico de incêndios", no verão.

"O XXI Governo reafirma assim a importância vital de garantir a interoperabilidade das comunicações de emergência e de segurança por meio de uma infraestrutura única que sirva de suporte às radiocomunicações das diversas entidades com atribuições nesses domínios", pode ler-se em comunicado.

"Dada a relevância deste sistema, faz hoje sentido que o Estado tenha o domínio integral efetivo sobre a operação de um sistema que anualmente suporta mais de 35 milhões de chamadas a mais de 40 000 utilizadores e que envolve interesses tão essenciais da segurança do Estado e dos cidadãos", acrescenta a nota.

Negócio passa para as mãos do Estado a 1 de dezembro deste ano.

Até ao momento, o SIRESP é detido em 52,1% pela PT Móveis (Altice Portugal), 33% pela Parvalorem (Estado) e 14,9% pela Motorola Solutions.

Há uma semana, num debate quinzenal, no parlamento, o primeiro-ministro, António Costa, tinha anunciado a conclusão do acordo do Governo com a Altice para adquirir o capital do SIRESP, acrescentando que o entendimento com Motorola estava “genericamente concluído”, faltando uma posição da “casa-mãe”.

As duas operadoras afirmaram que os acordos não estavam ainda formalmente concluídos e a Altice informou que previa que a conclusão do entendimento "entre as partes sobre matérias substanciais" deveria estar concluído até 13 de junho, o que veio a confirmar-se.

Em 2017, foram públicas as falhas do sistema de comunicações durante o combate aos grandes incêndios de Pedrógão Grande, em junho, e na região centro do país, em outubro.

Depois dos incêndios de 2017, o Governo aprovou em Conselho de Ministros um novo contrato com a entidade gestora do SIRESP, que deveria entrar em funcionamento em 2018, mas foi chumbado duas vezes pelo Tribunal de Contas.

Apesar do chumbo, a entidade gestora avançou, em 2018 com alterações no SIRESP, passando a rede a estar dotada com mais 451 antenas satélite e 18 unidades de redundância elétrica.

As negociações entre o Estado e as dois acionistas do SIRESP começaram quando a entidade gestora deste sistema de comunicações ameaçou, no início de maio, cortar o sinal da rede satélite, que garante o funcionamento das comunicações de emergência quando a rede convencional falha, devido a uma dívida de 11 milhões de euros do Estado. Este investimento foi feito pelo SIRESP na compra de antenas satélites e geradores a gasóleo.

No final de maio, o ministro da administração Interna afirmou no parlamento que o Governo mandou fazer a uma entidade independente uma avaliação técnica ao SIRESP, que que concluiu que a rede deve ter uma “natureza pública”.

Após os fogos de 2017, o Governo tinha manifestado a intenção do Estado entrar com 54% no capital social do SIRESP, mas tal não se concretizou.

Criado em 2006, o SIRESP é uma parceira público-privada envolvida em polémica desde o início e é um sistema desenhado para servir sobretudo as comunicações das forças e serviços de segurança, bombeiros e agentes de proteção civil e emergência.

(Nota: O SAPO24 é a marca de informação do Portal SAPO, propriedade da MEO - Serviços de Comunicações e Multimédia, S.A., detida pelo Grupo Altice. Notícia atualizada às 15:29)

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