Fonte oficial do Ministério da Agricultura disse hoje à agência Lusa que foi disponibilizada uma verba de 400 mil euros, foi elaborado o caderno de encargos do procedimento e, “dentro de dias”, vai ser lançado o concurso para a elaboração dos primeiros estudos de viabilidade.

A tutela decidiu avançar, apesar de o projeto ter sido apresentado pela sociedade civil, não possuir fontes de financiamento garantidas e “não se saber se há água, qual a relação custo/benefício e se é viável do ponto de vista ambiental”, advertiu.

O grupo de especialistas promotores do projeto, criou este mês a + TEJO – Associação para a Promoção do Desenvolvimento Sustentável do Tejo, disse à Lusa Jorge Froes, engenheiro agrónomo e hidráulico, que lidera o grupo.

Os promotores acreditam que a associação vai ser um interlocutor mais eficaz nos contactos com a tutela e com potenciais investidores e parceiros que querem associar ao projeto.

A associação tem agendada para 08 de julho a primeira assembleia-geral para eleger os seus corpos sociais.

O Projeto Tejo prevê regar com águas do rio Tejo 300 mil hectares de terrenos agrícolas, dos quais 240 mil no Ribatejo, 40 mil no Oeste e 20 mil em Setúbal.

O investimento está estimado em 4,5 mil milhões de euros, superior ao do Alqueva, no Alentejo.

Os especialistas acreditam que o rio Tejo poderá ter águas em permanência em quantidade e qualidade suficientes para satisfazer os vários usos, através da construção de açudes ao longo do Tejo e dos seus afluentes, de novas barragens, além das já existentes, de uma rede de distribuição, de reservatórios e de estações elevatórias e de bombagem.

Os açudes seriam rebatíveis no inverno, para não causar inundações e permitir a circulação de barcos.

O aproveitamento da água seria sobretudo para a agricultura, a produção de energia, para a pesca e aquacultura e para o turismo, ao tornar o Tejo navegável e com uma aposta no transporte fluvial.

O projeto visa combater a seca e os efeitos das alterações climáticas, que têm reduzido o caudal do rio no verão.

Em janeiro, a Confederação dos Agricultores de Portugal apoiou o projeto, tendo em conta as necessidades de água que os agricultores daquelas regiões têm, e demonstrou preocupação por não ter sido incluído no Plano Nacional de Investimentos 2030.

Na mesma altura, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, afirmava que esta não passava de uma “ideia visionária”, apesar de considerar “positiva a iniciativa da sociedade civil”.