“O objetivo é viabilizar, já neste segundo semestre, conectividade a alunos que não tenham rendimentos suficiente para contratar o serviço de banda larga nos seus domicílios, disponibilizando pacotes de dados móveis para que tenham acesso aos conteúdos educacionais e às atividades de aprendizagem, oferecidos de forma remota pelas instituições de ensino”, indicou o Ministério da Educação em comunicado.

A expectativa inicial é de que o projeto atinja 400 mil estudantes nos primeiros seis meses e, posteriormente, chegue a cerca de 900 mil alunos carenciados.

O investimento será de 24 milhões de reais (3,6 milhões de euros), beneficiando alunos que se encontram distribuídos em 797 municípios do país.

O projeto já tinha sido anunciado pelo Governo em 01 de julho, mas só agora foram divulgados os detalhes.

Questionado sobre o motivo do atraso, o ministro da Educação brasileiro, Milton Ribeiro, alegou problemas de “burocracia interna”.

“Houve um delay [atraso], foi um pouquinho tarde para tomarmos essa iniciativa. Mas têm de concordar connosco que o percurso administrativo que as coisas públicas possuem, e toda a nossa burocracia interna, torna-nos um pouco mais lentos e isso naturalmente foi uma das causas pelas quais demorámos um pouquinho mais do que aparentemente seria o razoável para podermos oferecer isto”, afirmou em conferência de imprensa o ministro, que completou no domingo um mês à frente da tutela.

As aulas presenciais no Brasil estão suspensas desde março, devido à disseminação do novo coronavírus no país.

Face à situação, estudantes da rede pública de ensino queixaram-se das dificuldades de acompanhar o conteúdo à distância durante a pandemia, reportando problemas na conexão à internet, falta de equipamentos tecnológicos, como computadores ou telemóveis, assim como a ausência de um ambiente domiciliário adequado para assistir a aulas virtuais.

De acordo com o Ministério da Educação, uma parte dos alunos carenciados mora em locais onde não há rede das operadoras de telecomunicações.

Nestes casos, as universidades serão responsáveis por adotar uma alternativa de contratação do serviço, como internet via satélite, como é o caso da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, que possui 30 alunos de uma comunidade indígena sem acesso à internet.

“A nossa meta é não deixar ninguém para trás”, garantiu o secretário de Educação Superior, Wagner Vilas Boas de Souza.

Para a maioria dos alunos, o serviço será disponibilizado em duas modalidades: o fornecimento de internet para os estudantes que já têm um cartão/plano com operadoras ou cartões de telemóvel para os que não possuem.

O Brasil totaliza 108.536 óbitos e 3.359.570 de casos confirmados de covid-19 desde o início da pandemia, sendo o segundo país mais atingido pela doença no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 770.429 mortos e infetou mais de 21,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.