Numa resposta às recomendações de um relatório, publicado em setembro na sequência de um inquérito que durou mais de seis anos, a vice-primeira-ministra, Angela Rayner, criticou o “vergonhoso comportamento mercenário” de algumas empresas que “exploraram o sistema regulatório para evitar responsabilidades, com consequências fatais”.

Nesse sentido, ordenou a investigação a sete empresas para “determinar se estas organizações cometeram alguma infração” ao abrigo da legislação em matéria de contratos públicos.

As empresas são a Arconic, Saint-Gobain (antiga proprietária da Celotex), Exova, Harley Facades, Kingspan Insulation, Rydon Maintenance e Studio E Architects.

Se for identificada “má conduta profissional”, os seus nomes serão acrescentados a uma “lista de exclusão” que as entidades públicas terão de ter em conta na adjudicação de novos contratos.

O incêndio deflagrou na madrugada de 14 de junho de 2017 num frigorífico num dos primeiros pisos do edifício de 24 andares e alastrou rapidamente devido à combustão do revestimento exterior instalado um ano antes.

A maioria das vítimas morreu encurralada nos apartamentos porque seguiu o conselho dos bombeiros para permanecer no interior, acreditando que as chamas seriam contidas.

Dez portugueses viviam no edifício e todos sobreviveram, exceto Logan Gomes, bebé nado morto devido à intoxicação com fumo pela mãe, grávida de sete meses na altura.

Em setembro, o primeiro-ministro, Keir Starmer, pediu desculpa “em nome do Estado britânico” e prometeu trabalhar para garantir que esta situação “nunca mais se repetiria”.

Rayner disse hoje que decidiu aceitar todas as recomendações resultantes do inquérito.

Entretanto, a polícia londrina continua a investigar e será com base neste relatório que os procuradores públicos decidirão se devem ou não avançar com um processo judicial.

Mais de sete anos após o incêndio, o Governo confirmou, no início de fevereiro, que a Torre Grenfell seria demolida em breve, contra a vontade de um grupo de antigos residentes e familiares das vítimas, que pretendiam preservar a estrutura carbonizada do edifício como um monumento aos que morreram.

Alguns dos materiais serão preservados para a construção de um memorial no local da catástrofe.