“Os promotores [desta manifestação] norte-americanos, têm a clara intenção de promover uma mudança do sistema político em Cuba”, refere a resposta das autoridades públicas publicada pelo portal oficial Cubadebate.
O governo comunista assegura que a “manifestação anunciada, com organização simultânea noutras províncias, constitui uma provocação” e que as razões apresentadas “não são reconhecidas como legítimas”, recordando o caráter “irrevogável” do sistema socialista cubano, tal como definido na nova Constituição adotada em 2019.
Uma resposta idêntica foi dada tanto em Havana como nas outras seis (de 15) províncias da ilha (Holguin, Cienfuegos, Pinar del Rio, Las Tunas, Santa Clara e Guantanamo), onde foi feito um pedido de manifestação “contra a violência” e pela “mudança”.
Em Havana, Yunior Garcia, organizador do protesto planeado na capital, lamentou as acusações de financiamento por parte dos Estados Unidos.
“O que quer que o cubano faça dizem sempre que a ideia veio de Washington. É como se não pensássemos, como se nós cubanos não tivéssemos um cérebro. Claro que todo o cubano sensato quer uma mudança para o melhor, quer mais democracia, progresso e liberdade em Cuba”, vincou.
A manifestação estava originalmente agendada para 20 de novembro, mas na semana passada o governo declarou esse como o “Dia da Defesa Nacional”, precedido de dois dias de exercícios militares.
“Não podíamos ser irresponsáveis, não queríamos violência, não queríamos que os cubanos se enfrentassem uns aos outros e não poderíamos atirar os manifestantes para um combate na rua contra o Exército, que poderia reagir de forma violenta”, salientou.
Assim, “o mais razoável era antecipar” o evento para 15 de novembro, o dia em que a ilha reabre ao turismo internacional.
Agora que a manifestação foi proibida, Yunior Garcia disse que iria “consultar os membros do Archipiélago (Arquipélago, grupo de debate político na rede social Facebook que iniciou o apelo ao protesto) e ter uma reunião” sobre o assunto.
Estes apelos à manifestação surgem alguns meses após os protestos históricos de 11 de julho, em cerca de 50 cidades da ilha, que resultaram numa morte, dezenas de feridos e mais de 1.000 detidos, sendo que algumas centenas de pessoas estão ainda na prisão.
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