“Nós não aceitamos as demissões”, declarou Pedro Ramos à agência Lusa, reagindo à decisão tornada pública na segunda-feira por um grupo de 45 médicos do Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram), incluindo 29 diretores de serviço, os quais exigiram “a demissão imediata” do diretor clínico.

Os médicos contestatários informaram estar dispostos à “utilização de todos os mecanismos legais ao dispor para tornar efetivada esta reivindicação” porque consideram existir uma partidarização na escolha do diretor clínico, um ex-deputado do CDS-PP, numa altura em que a Madeira é governada por um executivo de coligação PSD/CDS.

Na mesma declaração, os médicos apontaram que hoje iam entregar no departamento de recursos humanos do Sesaram “a denúncia individual da comissão de serviço a que estão vinculados todos os diretores de serviço signatários”.

O governante madeirense argumentou que pretende “continuar a trabalhar” com estes médicos, visto ter sido com eles que foi “construído aquilo que é o Serviço Regional de Saúde dos últimos anos”.

O responsável remeteu ainda para o comunicado divulgado na região sobre a reunião dos médicos contestatários, no qual “informa que o médico ortopedista, Mário Pereira é o diretor clínico em funções, com a missão de assegurar a gestão clínica do Sesaram”.

Pedro Ramos sublinha que a sua “confiança é total” nos médicos, vincando que “a saúde faz-se de resultados, não com nomes”.

“Acho muito bem que entreguem todos esses documentos [pedidos de demissão das direções clínicas]. Nós temos o direito de não aceitar esses documentos e mantemos a confiança nesses diretores de serviço”, sublinhou.

Contudo, complementou: “Se tivermos que fazer substituições, não porque queiramos, mas porque eles próprios sugerem, nós temos de tomar essa atitude”.

“Lembro-me que quando fui nomeado diretor do serviço de Urgência, há uns anos, em 2009, também foi num período com alguma contestação, porque o programa de ajustamento económico e financeiro da Madeira obrigava a que determinadas medidas restritivas fossem e tivessem que ser anunciadas”, recordou.

O governante insular indicou que essas medidas “foram e atingiram uma área que era extremamente importante e um pilar do Governo, que é a área da saúde”.

“No entanto, desempenhei bem a minha missão, com todos os constrangimentos, mas o papel estava feito”, vincou, acrescentando que os “efeito estão agora a ter os seus resultados e a ter continuidade”.

Pedro Ramos enfatizou que não deve ser “esquecida a história e que todos os profissionais que estão com responsabilidade num determinado momento que o desempenhem com espírito de missão e façam nascer os novos profissionais para que este Sesaram tenha a continuidade” pretendida.

“Continuamos preocupados com os nossos profissionais de saúde”, observou, realçando que ainda na segunda-feira foi lançado o projeto de capacitação dos novos dirigentes do hospital, tendo em conta a nova unidade hospitalar que vai entrar em funcionamento.

O governante defende que este hospital deve ter “uma nova cultura de organização, de governança clínica, com uma nova cultura de gestão e sustentabilidade do Sesaram”.