“A situação das tripulações retidas em navios-cruzeiro, ao largo dos Estados Unidos e México, está a ser acompanhada de forma muito próxima pela rede diplomática, no sentido de garantir o desembarque das tripulações”, afirmou Berta Nunes, numa declaração enviada à agência Lusa.
O desembarque encontra-se, no entanto “impedido pelas normas sanitárias e de segurança em vigor naqueles países”, acrescentou.
O caso passa-se com a tripulação de vários navios da companhia Seabourn, que ficaram retidos ao largo do México e dos Estados Unidos no âmbito das medidas de segurança aplicadas para conter a pandemia da covid-19.
A Lusa tentou contactar alguns dos portugueses que estão num dos navios, mas, até ao momento, foi impossível estabelecer ligação.
No entanto, um desses portugueses enviou um e-mail, explicando estar ancorado na baía de Porto Vallarta, no México, a bordo do Koningsdam.
“Não tenho a certeza de quantos portugueses temos a bordo, considerando que temos membros da tripulação de oito navios diferentes e mais de 70 nacionalidades”, refere, adiantando que têm sido cumpridas todas as regras necessárias para o desembarque.
Cumprimos a “distância social, usamos uma máscara facial em todos os momentos numa área pública, [estamos em] cabine individual, [os] horários de refeições [são] de meia hora [e] para um certo número limitado de pessoas, [cumprimos a] higienização obrigatória de mãos e a verificação de temperatura duas vezes por dia”, garantiu.
Referindo que já ultrapassaram os 75 dias em autoisolamento, o português garante que não foi registado a bordo nenhum caso de infeção pelo coronavírus que provoca a covid-19.
“Estamos todos saudáveis e em boa forma e, portanto, não entendemos qual a razão que leva todos os países a que chegamos a recusar o nosso pedido de desembarque” e “a oportunidade de regressar aos nossos países”, lamenta, acrescentando não entender também o tratamento de governos e políticos.
A edição de hoje do Jornal de Notícias adianta estarem 14 portugueses no navio, além de outros tripulantes de diferentes nacionalidades.
A embarcação começou o seu percurso em Miami, nos Estados Unidos, com o objetivo de passar por todos continentes.
“Entretanto, após algumas paragens, alguns portos começaram a proibir-nos a entrada. No Sri Lanka, por exemplo, só conseguimos receber provisões. Fizemos então uma travessia de 18 dias, sem parar, até a Austrália porque nenhum porto antes disso nos deixou desembarcar. Até porque a seguir ao Sri Lanka era a Ásia”, contou uma das portuguesas a bordo, Joana Ferreira, ao JN.
Segundo a mesma fonte, os hóspedes conseguiram desembarcar a 18 de março, quando chegaram à Austrália, mas a tripulação manteve-se a bordo, até porque se pensava que a pandemia seria “algo temporário”.
Seguiram depois viagem até ao Havai, Los Angeles e, por fim, México, onde foi sempre negado o desembarque de qualquer elemento da tripulação que não fosse originário do país.
A 28 de abril, a tripulação, já em isolamento, foi transferida para um segundo navio, que acolhe tripulações de outros barcos da mesma companhia, com a justificação de que “supostamente seria mais fácil ir para casa”, lembrou.
Na declaração hoje enviada à Lusa, a secretária de Estado das Comunidades assegurou que “a rede diplomática tem feito diligências, em conjunto com outros países com nacionais retidos a bordo, tanto junto das empresas, como das autoridades norte-americanas e mexicanas”.
O objetivo das diligências é, segundo Berta Nunes, procurar que, “no diálogo com empresas e autoridades locais, os cidadãos nacionais possam ser autorizados a desembarcar o mais rapidamente possível”.
“No que respeita ao navio Konigsdam, com 12 nacionais a bordo, entre quase duas centenas de tripulantes europeus, prosseguem diligências para que seja autorizado o desembarque pelas autoridades locais e federais do México”, concluiu.
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