"Ao diretor artístico cessante, Tiago Rodrigues, o Governo agradece o trabalho desenvolvido no Teatro Nacional Dona Maria II ao longo dos últimos seis anos", acrescentou o comunicado governamental.

Nascido em Lisboa em 1975, Pedro Penim foi um dos fundadores, em 1995, do Teatro Praga, definido pelo ministério como uma "companhia emblemática da criação teatral portuguesa contemporânea", tendo também criado o espaço Rua das Gaivotas 6.

Para além de outras participações na televisão, Pedro Penim foi também apresentador da versão portuguesa do Art Attack, no Disney Channel.

Pedro Penim é nomeado para um mandato de três anos, ocupando o lugar de Tiago Rodrigues, diretor artístico daquele teatro nacional desde 2015 e que sai para dirigir o Festival d'Avignon, em França.

Segundo o Ministério da Cultura, o trabalho de Pedro Penim estende-se "à programação, à tradução, ao ensino e à atividade conferencista" e "foi já apresentado em diversos festivais e temporadas por todo o território português bem como em diversos países da Europa, América do Sul, Ásia e Médio Oriente".

Licenciado em Teatro, pela Escola Superior de Teatro e Cinema, e com um mestrado em Gestão Cultural, Pedro Penim trabalhou com outras companhias de teatro, nomeadamente as Comédias do Minho e o Novo Grupo/Teatro Aberto.

Pedro Penim prepara-se para estrear, em setembro no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, a peça "Pais & Filhos", que escreveu e encenou a partir de um texto do russo Ivan Turgueniev.

O ator e encenador integra o elenco da peça juntamente com Ana Tang, Bernardo de Lacerda, David Costa, Diogo Bento, Hugo van der Ding, Joana Barrios, João Abreu e Rita Blanco.

Pedro Penim quer preservar herança do D. Maria II e tornar teatro "cada vez mais plural"

Pedro Penim mostrou-se “muito honrado” com o convite que a ministra da Cultura lhe endereçou já depois de, em julho, Tiago Rodrigues ter sido confirmado como próximo diretor do Festival de Avignon, em França.

Não apenas pelas razões apresentadas pela ministra Graça Fonseca para a sua nomeação, nomeadamente pelo seu “percurso académico e experiência profissional”, mas também pelo cargo que irá assumir ser “um dos mais altos do teatro em Portugal”, disse o encenador.

Penim adiantou já ter falado sobre a sua nomeação com Tiago Rodrigues, de quem é amigo, tendo-se estreado no mesmo espetáculo. A estreia ocorreu, em 1997, com a vinda, pela primeira vez a Portugal, da companhia belga TG Stan, que apresentou o espetáculo “Point blank”, a partir de “Platonov” de Tchékov, precisou.

“Estávamos a participar numa experiência de teatro absolutamente revolucionária e, embora continuássemos amigos, depois cada um seguiu o seu caminho”, salientou.

Penim realçou que dirigir um teatro é ocupar "um lugar de muita criatividade” e, no caso de um teatro nacional, é “sobretudo saber interpretar a lei orgânica, que é muito clara e está fixada nos seus propósitos”.

Para Pedro Penim, ocupar a direção de “um local de missão pública” como o TNDMII, que é “um dos principais motores da criação artística portuguesa”, implica continuar um trabalho de “preservação da herança histórica” do espaço, conciliando-a com “não apenas apoio a jovens artistas, como consolidação de artistas ou entidades com carreiras mais antigas, como dar a conhecer novas dramaturgias portuguesas, mas também continuar a apostar na formação de novos públicos e na parte educativa”.

A este respeito, Pedro Penim não poupou elogios ao trabalho desenvolvido por Tiago Rodrigues à frente da direção artística do TNDMII.

“Recebo uma herança muito boa do ainda diretor Tiago Rodrigues, que me deixa uma casa muito sólida e uma equipa muito capaz que, com pequenas revoluções, transformaram aquele espaço num local mais plural”, frisou.

Consciente de que o D. Maria II é “um edifício histórico, que alberga a memória centenária do que se foi fazendo em teatro desde o tempo de Almeida Garrett”, Pedro Penim garantiu que “tudo fará, para, à luz do que se faz nos dias de hoje e do que vier a ser feito no futuro, o tornar ainda mais num espaço cada vez mais plural”.

“Aceitar este convite é também saber que o D. Maria II já não é só os veludos e as pessoas que o foram marcando, terá também de continuar a ser um teatro dos dias de hoje e das novas tendências teatrais”, frisou.

Questionado sobre quando irá ocupar o cargo de diretor artístico, Pedro Penim disse que “será, certamente, no último trimestre deste ano, apesar de ainda não haver data concreta”.