“O primeiro grande teste à governação de Pedro Sánchez está na Andaluzia”, em 02 de dezembro próximo, disse à agência Lusa o professor em Comunicação Política da universidade de Navarra Jordi Rodríguez Virgili, que está convencido que o atual Governo vai tentar “aguentar” até ao final da legislatura, junho de 2020.
Para este professor universitário o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) deve aproveitar ao máximo os meses que lhe restam para tomar medidas “simpáticas” e fazer campanha a partir do Governo para aumentar a sua base de apoio.
Pedro Sánchez tornou-se primeiro-ministro em 02 de junho de 2018, depois de o PSOE ter conseguido aprovar no parlamento, na véspera, uma moção de censura contra o executivo do Partido Popular (direita) com o apoio do Unidos Podemos (coligação de extrema-esquerda) e uma série de partidos mais pequenos, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães.
“Trata-se de uma base de apoio muito pouco estável e eleições antecipadas não iriam resolver o problema”, insiste Jordi Rodriguez.
Os socialistas têm apenas 84 deputados num total de 350 e o Unidos Podemos 67, com as últimas sondagens a indicarem que os partidos de esquerda ainda não conseguiriam assegurar uma maioria estável, apesar da subida das intenções de voto no PSOE.
Por seu lado, as forças de direita, Partido Popular, Cidadãos (direita liberal) e Vox (extrema-direita) não estariam muito longe de ter a maioria absoluta do Congresso de Deputados.
O professor de direito na Universidade Europeia de Valência Jorge Sánchez concorda que as eleições regionais andaluzes serão “um bom teste” e também está convencido que “agora o chefe do Governo quer aguentar o máximo possível”.
Assim que chegou ao Governo, Pedro Sánchez, afirmou que uma das suas tarefas seria a de organizar as eleições antecipadas, mas logo a seguir corrigiu esta posição e neste momento assegura que pretende cumprir a legislatura até ao fim.
“O mais provável é ficar até ao fim, mas tudo pode acontecer”, afirmou Jorge Sánchez, acrescentando que, no caso de haver eleições antecipadas, elas deverão realizar-se antes de abril de 2019, quando se prevê que seja lida a sentença dos políticos independentistas catalães.
O sistema eleitoral espanhol evoluiu nos últimos anos de um sistema bipartidário em que o PSOE e o PP iam-se alternando à frente do executivo espanhol para um sistema em que, apesar de continuarem a ser os mais votados, precisam do apoio de outros partidos no parlamento para governar.
“Sánchez não pode arriscar perder as eleições antecipadas e mesmo com muitas incertezas é melhor ir ficando no Governo à espera que as intenções de voto subam”, disse o professor de direito.
O chefe do Governo espanhol também já garantiu que se irá manter no poder mesmo que o projeto de Orçamento Geral do Estado para 2019 seja chumbado.
O presidente do executivo catalão, Quim Torra, anunciou na semana passada de forma solene no parlamento regional a retirada de "qualquer apoio" ao Governo e ao Orçamento do Estado para o próximo ano.
Os independentistas fazem depender o seu apoio pontual ao PSOE de melhorias na situação dos presos políticos catalães que aguardam julgamento.
A direita defende eleições antecipadas e critica Sánchez por, quando fazia parte da oposição, ter defendido a demissão do Governo no caso de o Orçamento não ser aprovado.
O principal parceiro do PSOE, o Unidos Podemos, também sustenta que, se o Orçamento não for aprovado, deveria haver eleições antecipadas.
“Isto seria uma novidade: governar com o Orçamento de outro executivo”, avançou por sua vez o professor de Finanças na escola de negócios EAE de Madrid, Javier Rivas, que está convencido de que as possibilidades de serem marcadas eleições antecipadas são idênticas às de o executivo continuar até ao final da legislatura.
Javier Rivas insiste que a desaceleração económica prevista pode levar Pedro Sánchez a marcar eleições numa altura do ciclo económico está mais favorável.
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