“Em qualquer país democraticamente robusto este Governo da República estaria demitido, depois de, na repetição dos incêndios, ter cometido os mesmos erros grosseiros e as mesmas omissões inadmissíveis da primeira vez, com a consequência da dezena de mortos”, afirmou.
Na sua intervenção na cerimónia comemorativa dos 44 anos do PSD, em Beja, na qual foi homenageado, Alberto João Jardim qualificou também como sendo injusta a distribuição de rendimento pelos trabalhadores em Portugal.
“Só são beneficiados os que têm maior poder de paralisação do país e de perturbação da vida dos restantes portugueses e, desta forma, em Portugal, os trabalhadores não são tratados por igual. Uns pagam os privilégios dos outros”, argumentou.
Aludindo às greves que têm sido realizadas nos setores dos transportes e da saúde, o antigo governante disse que, “por aquilo” que estas paralisações “têm causado à sobrevivência física e económica dos portugueses, de cada português, configuram-se já como um problema de segurança nacional”.
Daí que, defendeu, “para estes dois setores”, seria “bom rever a Lei da Greve, antes que os extremismos políticos ganhem veladamente terreno com a promessa de ordem no país”.
Com as “baterias apontadas” ao Governo PS, Jardim acusou o executivo de ter uma “máquina de propaganda”, à qual disse tirar o chapéu, que “está montada como um polvo autêntico”.
“Vende ‘banha de cobra’ aos portugueses ante uma generalizada complacência aburguesada”, criticou, apontando, como exemplo, para “a indiferença perante os constantes e semanais aumentos do preço da gasolina”.
Trata-se, frisou, de uma “máquina de propaganda que até serve para ‘lavar as mãos como Pilatos’ ante indícios graves menos recomendáveis”.
Para Jardim, Portugal “vive no assistencialismo” e, “por isso, cresce muito pouco” e “o investimento público é fraquíssimo”.
“Com o assistencialismo estamos a reviver o ‘bacalhau a pataco’ da compra de votos, tal como na primeira república”, e que “é feito, não à custa dos ricos, mas à custa de uma classe média cada vez mais sobrecarregada pelo Governo de António Costa, sobretudo no plano fiscal e no preço do uso dos bens públicos”, criticou.
Na cerimónia de hoje em Beja, com a presença do presidente do PSD, Rui Rio, o outro social-democrata histórico homenageado foi João Mota Amaral, antigo presidente do Governo Regional dos Açores.
Lembrando o processo que conduziu à autonomia das duas regiões, que “não foi fácil” e teve de ultrapassar “ímpetos centralistas”, Mota Amaral considerou que “o caminho percorrido” foi positivo e que os “bons resultados ainda continuam a produzir-se”.
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