A "fundamental diferença" do Governo do PS para com o anterior executivo PSD/CDS, disse João Matos Fernandes, que tutela os transportes, é que o executivo "gosta" das empresas de transportes: "Não olhamos para elas como um fardo que agrava o défice e vamos manter o seu inalienável caráter público", advogou o governante.
Matos Fernandes falava no parlamento no arranque de um debate de urgência pedido pelo Bloco de Esquerda (BE), que alerta para a degradação dos transportes e apresenta, ao mesmo tempo, iniciativas legislativas sobre o setor.
O ministro abordou na sua intervenção inicial no debate várias empresas de transportes, reconhecendo que a Metro de Lisboa foi a "situação mais complexa" que encontrou quando chegou ao cargo.
Havia "bilhetes dependentes de um único fornecedor", estações "ao abandono" e problemas de manutenção que estão a ser corrigidos, adiantou João Matos Fernandes.
"Até ao final de abril deixaremos de ter em definitivo problemas" a nível de manutenção, disse, acrescentando ainda que a 10 de fevereiro será iniciada a "formação de 30 novos funcionários dos mais de mil que concorreram" para entrar na empresa.
"As melhorias no verão serão sentidas por todos", garantiu em plenário.
Também a Transtejo e a Soflusa foram abordadas, bem como as empresas de transportes públicos do Porto: A título de curiosidade, o ministro com a pasta dos transportes declarou que das 150 mil pessoas que estiveram na Avenida dos Aliados no final do ano, "120 mil foram transportadas em transporte coletivo".
Pelo BE, que marcou o debate, o deputado Heitor de Sousa abordou várias matérias, como a dos preços
"Não faria sentido reduzir os preços dos transportes enquanto o patamar de oferta não seja reposto ao nível do que acontecia há quatro anos", perguntou.
Depois, o parlamentar lamentou a entrega da Move Aveiro a privados "no dia 1 deste mês", acrescentando que as empresas de transportes "têm sido obrigadas a servir pior e mais caro" os utentes.
O bloquista lembrou ainda que 23 carruagens no metropolitano da capital estão imobilizadas devido a falta de peças, nomeadamente de rodas, "além de faltarem 50 maquinistas e 100 trabalhadores para as estações e manutenção".
"A situação nos transportes é intolerável pois é o direito ao transporte que está em causa", frisou, lembrando que no último ano "aumentaram igualmente as baixas" por doenças profissionais.
E prosseguiu: "Só na Carris 55 motoristas entraram em baixa médica".
A coordenadora do BE Catarina Martins, juntamente com outros deputados e dirigentes do partido, viajou na manhã de segunda-feira no Metro de Lisboa, entre as estações de Cais do Sodré e Intendente, na linha Verde, acompanhados por membros da comissão de trabalhadores da empresa e, no final, anunciaram o agendamento do debate de urgência.
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