“O Governo, naturalmente, lamenta a decisão, que não está fundamentada nos factos e nos dados que são conhecidos e públicos e aguardará que as autoridades britânicas evoluam”, afirmou.

O chefe da diplomacia portuguesa adiantou que cumpriu o combinado com o homólogo britânico, nomeadamente o respeito de cinco critérios em que a situação epidemiológica portuguesa é “muito positiva”: capacidade de testagem, taxa de letalidade, índice de reprodução, capacidade de resposta do sistema de saúde e número de casos por 100 mil habitantes.

“As autoridades britânicas tiveram a cortesia de nos informar ontem [quinta-feira] da decisão, mas não foram capazes de explicar os fundamentos científicos e técnicos da decisão tomada”, afirmou.

Embaixada fala em critérios “científicos e técnicos”

“Sabemos que este é um resultado dececionante para Portugal”, afirma a embaixada dirigida por Chris Sainty num comunicado divulgado após o anúncio da decisão do Governo britânico de manter Portugal fora dos corredores de viagens que isentam os passageiros de quarentena na chegada ao Reino Unido.

O comunicado frisa que “o primeiro dever de qualquer governo é proteger sua população” e que “estas decisões são baseadas exclusivamente em considerações de saúde pública com o objetivo de minimizar o risco para os viajantes britânicos e o risco de importar novos casos de covid-19 para o Reino Unido”.

E aponta que “as decisões do governo britânico são baseadas nos pareceres científicos e técnicos elaborados pela autoridade de saúde de Inglaterra (Public Health England -PHE) e pelo do Centro Conjunto de Bio-segurança (Jont Biosecurity Center - JBC)”.

“As autoridades de saúde tomam em consideração uma série de fatores que afetam as viagens ao estrangeiro, tais como as taxas semanais de incidência ajustadas à população, a taxa de mortalidade, o nível de testes no país (taxa, capacidade, taxa de positividade), os dados reportados pelos países da OMS, e a evidência epidemiológica”, explica-se no texto.

A embaixada afirma que os cientistas que aconselham o governo britânico “tiveram acesso a todos os dados relevantes de fontes públicas” e “ao extenso leque de informações e evidência disponibilizadas pelas autoridades portuguesas” e tiveram em consideração não apenas o número de casos mais recentes como “dados regionais, dados sobre testes, estratégia de testagem e a natureza dos recentes surtos” em Portugal.

A embaixada assegura reconhecer “os esforços abrangentes por parte do governo português e das autoridades de saúde”, mas considera que “devido aos surtos nas últimas semanas, a prevalência do vírus em Portugal continental durante o período recente permaneceu persistentemente alta”.

“Embora os indicadores estejam a melhorar em Portugal, não estão ainda a um nível que permita ao governo britânico aliviar estas restrições”, afirma.

Estónia, Letónia, Eslováquia, Eslovénia e as ilhas de St. Vincent, nas Caraíbas, foram hoje acrescentadas à lista pelo ministério dos Transportes britânico, na sequência de uma avaliação dos risco de infeção com covid-19.

A partir de dia 28 de julho, as pessoas que viagem destes países para Inglaterra não precisam de cumprir a quarentena de 14 dias exigida, cabendo depois às restantes nações (Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) aplicar a decisão do governo britânico.