O líder social-democrata defendeu, aliás, que "se houvesse um pouco mais de sentido de estado, esta situação já estava resolvida há mais tempo", salientando, contudo, que "mais vale tarde do que nunca".
"Considero que à saída do ministro da Defesa, aplica-se aquela frase popular 'mais vale tarde do que nunca', isto sem fazer um juízo de valor, se sabia ou sabia, mas em nome das condições políticas para o desempenho deste cargo", afirmou.
Rui Rio considerou também que a nota emitida pelo gabinete do primeiro-ministro revela que "Azeredo Lopes teve sentido de estado mais cedo do que aparentemente o primeiro-ministro".
O líder do PSD lembrou ainda que no início de setembro já tinha alertado para a situação de Tancos, que parecia esquecida, mas que em nenhuma ocasião pediu a demissão do ministro.
"Eu não peço demissões de ministros, não faço esses números políticos. Aquilo que disse é que se fosse primeiro-ministro, independentemente de ser verdade que Azeredo Lopes conhecia ou não conhecia aquilo que se tinha passado, em nome da dignidade das forças armadas impunha-se que houvesse o sentido de estado suficiente para se perceber que não havia condições para Azeredo Lopes desempenhar o cargo de ministro da Defesa", defendeu.
Rui Rio disse ainda esperar que "não seja verdade que é por razoes táticas do Orçamento do Estado" que Azeredo Lopes se demitiu, sublinhando que é preciso apurar todas as responsabilidades neste caso.
O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, demitiu-se hoje do Governo para evitar que as Forças Armadas sejam "desgastadas pelo ataque político" e pelas "acusações" de que disse estar a ser alvo por causa do processo de Tancos.
"Não podia, e digo-o de forma sentida, deixar que, no que de mim dependesse, as mesmas Forças Armadas fossem desgastadas pelo ataque político ao ministro que as tutela", referiu Azeredo Lopes, na carta enviada ao primeiro-ministro e a que a Lusa teve acesso.
O ministro cessante voltou a negar que tenha tido conhecimento, "direto ou indireto, sobre uma operação em que o encobrimento se terá destinado a proteger o, ou um dos autores do furto".
"Desmenti e desminto, categoricamente, qualquer conhecimento, direto ou indireto, sobre uma operação em que o encobrimento se terá destinado a proteger o ou um dos autores do furto", referiu.
Quanto ao momento em que decidiu sair, Azeredo Lopes explicou que quis aguardar pela finalização da proposta de Orçamento do Estado para 2019 para "não perturbar" esse processo com a sua saída.
Numa nota à comunicação social, o primeiro-ministro, António Costa, afirma que aceitou hoje a demissão do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, em respeito pela sua "dignidade" e "honra" e para a preservação da "importância fundamental" das Forças Armadas.
Esse pedido de demissão, refere o líder do executivo, foi apresentado em termos que não podia recusar "em respeito pela sua dignidade, honra e bom nome, e para a preservação da importância fundamental das Forças Armadas como traves-mestras da soberania e identidade nacional no quadro de uma sociedade democrática e moderna".
"Quero publicamente agradecer ao Professor Doutor José Alberto de Azeredo Lopes a dedicação e empenho com que serviu o país no desempenho das suas funções", acrescenta o primeiro-ministro.
Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, refere que aceitou a exoneração de José Azeredo Lopes de ministro da Defesa e adianta que aguarda a proposta por parte do primeiro-ministro, António Costa, de nomeação de um sucessor.
"O primeiro-ministro informou esta tarde o Presidente da República do pedido de demissão do ministro da Defesa Nacional", nos termos da Constituição, "mais tendo acrescentado que oportunamente proporia o nome de um substituto", lê-se na nota.
Comentários