"Posso aqui dizer, será devidamente aprofundado este projeto da linha do Vale do Sousa no decurso do PNI 2030, na componente dos estudos, em articulação com a Infraestruturas de Portugal [IP] e as câmaras municipais envolvidas no projeto", afirmou Guilherme d'Oliveira Martins.

O secretário de Estado discursava para algumas centenas de pessoas que hoje assistiram em Rebordosa, Paredes, à apresentação de um estudo preliminar para a construção de uma linha de caminho de ferro que ligue Valongo a Felgueiras, passando pelos concelhos de Paredes, Paços de Ferreira e Lousada.

Segundo Guilherme d'Oliveira Martins, trata-se de "um projeto apaixonante, numa zona do país com uma atividade económica enorme e com uma densidade populacional que exige, sem dúvida, soluções de mobilidade".

Assinalou, no entanto, que "um projeto desta natureza exige a devida atenção de todos, deve exigir um estudo aprofundado e deve exigir criatividade e disponibilidade".

"É preciso termos os estudos aprofundados e amadurecidos para conseguirmos concretizar o anseio das populações", anotou.

Ouvido pelos cinco presidentes de câmara que apadrinham o projeto (Valongo, Paredes, Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras), o governante referiu que, com o anúncio de hoje, o Governo está "a cumprir aquilo que esta população pede".

Os autarcas socialistas consideram que uma nova ligação ferroviária numa das regiões mais industrializadas do país, como é o Vale do Sousa, só terá vantagens para a economia da região e para o bem-estar das populações, numa ótica de coesão territorial.

Na sessão foi apresentado o estudo mandado elaborar pelo município de Paços de Ferreira e apadrinhado pelas autarquias cujos territórios deverão vir a ser atravessados pela Linha do Vale do Sousa, como foi designada a infraestrutura.

Segundo o estudo, a linha terá cerca de 36 quilómetros, começando na estação de Valongo (ligação à Linha do Douro) e evoluindo para norte, em direção aos concelhos de Paredes, Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras.

Estima-se que uma ligação de comboio de Felgueiras ao Porto se faça em 55 minutos.

O projeto aponta para a construção de seis estações: Rebordosa, Lordelo, Paços de Ferreira, Freamunde, Lousada e Felgueiras. Estima-se que a obra implique um investimento de 300 milhões de euros.

A importância do projeto foi defendida pelos presidentes das cinco câmaras, destacando-se sobretudo a importância de se tratar de uma região com cerca de 400 mil habitantes, com dinâmica em termos económicos, onde existem 32 mil empresas, que exportam anualmente de 6,5 milhões de euros. A linha promoverá, foi ainda destacado, uma mobilidade mais eficaz para as populações e amiga do ambiente, beneficiando também a Área Metropolitana do Porto, ajudando a retirar milhares de automóveis da capital do distrito.

O presidente da Câmara de Paredes destacou a importância do projeto por permitir o acesso à rede ferroviária de zonas com grande dinâmica económica no concelho, como são Rebordosa e Lordelo. Acentuou ainda a necessidade de os futuros utilizadores da linha deverem ter acesso aos títulos de transporte da Área Metropolitana do Porto.

Já o presidente de Paços de Ferreira, Humberto Brito, falou do problema de mobilidade que se observa na região, destacou a importância do momento e apelou à união da região Norte na defesa do projeto, acentuando que se trata de um investimento relativamente pequeno, à escala nacional, se vier a ser apoiado por fundos comunitários.

José Manuel Ribeiro, de Valongo, referiu que aquele projeto de mobilidade das populações, como lhe chamou, vai promover a coesão territorial do território, promovendo uma melhor articulação entre a Área Metropolitana do Porto e o Vale do Sousa. Anotou que se trata de um investimento de "custo muito reduzido" se for comparado com as verbas que estão previstas para a ampliação do Metro do Porto.

Pedro Machado, de Lousada, lembrou que a região já teve uma linha férrea, há cerca de 150 anos, que ligava Entre-os-Rios à Lixa, e que os argumentos da época ainda hoje se mantêm atuais, nomeadamente a necessidade de coesão territorial. A construção da Linha do Vale do Sousa, como agora reclamam municípios, "será repor justiça na história", defendeu o edil.

"Com pouco investimento podemos dar um salto qualitativo", acrescentou.

O presidente da Câmara de Felgueiras, Nuno Fonseca, sublinhou a importância de Felgueiras poder estar ligado à rede ferroviária nacional, recordando que se trata de um concelho exportador. A maior proximidade às infraestruturas aeroportuárias do Porto e a possibilidade de acelerar a importância da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Politécnico do Porto, sediada do concelho, foram outras vantagens indicadas pelo autarca.

Na sessão também interveio Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, para quem a Linha do Vale do Sousa “faz sentido", mas trata-se de um projeto de tem de ser estudado.

O responsável referiu que a IP está disponível para dar início aos estudos e criar um grupo de trabalho com os municípios para acelerar o processo.

No encerramento dos trabalhos, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Fernando Freire de Sousa, referiu-se à linha do Vale do Sousa como "um projeto que vai servir uma população imensa e com grande dinamismo económico".