Em declarações à agência Lusa, Graça Freitas explicou que a decisão de reduzir de 10 para sete dias o período de isolamento nestas duas situações foi tomada por um grupo de especialistas tendo em conta a variante Ómicron, que tem características diferentes das outras variantes, sobretudo, disse, “se a compararmos com a que estava dominante até há pouco tempo que era a Delta”.
A diretora-geral da Saúde adiantou que “tudo indica” que a Ómicron terá “um período de incubação da doença mais curto” e um período transmissibilidade também “mais curto”.
“Portanto, isso permite-nos este equilíbrio entre o isolamento seguro e a libertação mais precoce das pessoas para fazerem a sua vida laboral e social e de relação normal”, salientou.
Graça Freitas explicou que foi desse equilíbrio que se decidiu estabelecer um novo prazo do período de isolamento que só se aplica em duas circunstâncias: “Contactos de alto risco que não estejam com a vacinação de reforço feita” e “pessoas que estão infetadas, mas sem sintomas”.
Avançou ainda que vai ser agora alterado o critério que constava da norma 004/2020 da DGS, que estabelece os procedimentos a adotar na abordagem ao doente com suspeita ou infeção pelo novo coronavírus, de que eram consideradas contacto de alto risco as pessoas com as duas doses de vacina que coabitassem com um doente covid-19.
Agora, as pessoas que tenham a terceira dose da vacina deixam de ser contacto de alto risco e ter a vida normal, apesar de terem uma pessoa doente em casa.
No entanto, salientou Graça Freitas, “essas pessoas ficam responsáveis por monitorizar o eventual aparecimento de sintomas”, e nesse caso devem ligar para a Linha SNS24, e “ter precauções em relação a terceiros”.
Advertiu ainda que, apesar de não ficarem em isolamento, o risco de poderem estar infetados e depois poderem transmitir “não é zero”, apelando por isso “a que mantenham precauções em relação a terceiros”.
Segundo Graça Freitas, o período de isolamento começa a contar na data em que foi feita a colheita da amostra biológica através de um teste. Em relação aos contactos, conta a data em que ocorreu o último contacto da pessoa infetada com o seu coabitante, explicou.
Relativamente aos sintomas a que as pessoas devem estar alerta, referiu que “são mais parecidos com os de uma constipação vulgar”, como dores de garganta, espirros, pingo no nariz, o que se deverá provavelmente à conjugação de uma variante, que é diferente, com o sistema imunitário populacional que está já muito reforçado com o esquema primário e de reforço da vacinação.
Questionada sobre quando entram em vigor as novas regras, Graça Freitas afirmou que todos os serviços do Ministério da Saúde implicados nesta resposta estão a trabalhar com a “máxima vontade e capacidade” para que possam entrar em vigor para a semana.
Lembrou que desde o início da pandemia já foram feitas “muitíssimas alterações, algumas até grandes, quase de mudança de paradigma da resposta à pandemia”: “Essas mudanças são sequenciais. Primeiro criam-se as regras, digamos assim, e depois as regras têm que ser operacionalizadas”.
Graça Freitas afirmou que esse trabalho tem vindo a ser feito, mas implica “não só documentos normativos, como implica alterações nas plataformas informáticas que dão apoio a toda a resposta”.
A decisão da DGS surge numa altura em que os casos da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 estão a aumentar exponencialmente em Portugal e no mundo, tendo as infeções com SARS-CoV-2 atingido hoje, pelo terceiro dia consecutivo, um novo máximo com 28.659 novos casos em 24 horas.
Em Portugal, desde março de 2020, já morreram 18.937 pessoas vítimas da covid-19 e foram contabilizados 1.358.817 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
Estratégia de imunidade natural comporta riscos para o SNS e para as pessoas
A diretora-geral da Saúde defendeu também que a estratégia de imunização natural contra a covid-19 comporta um risco de pressão sobre os serviços de saúde e um “risco individual” porque há casos que têm “um desfecho menos favorável”.
Perante o aumento exponencial de casos, e a confirmar-se a menor gravidade da infeção causada pela variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, especialistas apontam como nova estratégia de combate à pandemia a imunidade natural.
Questionada pela agência Lusa se este é o caminho a seguir, a diretora-geral da Saúde afirmou que, neste momento, as autoridades mantêm a estratégia de “reforçar as medidas todas que impeçam a transmissão do vírus”, nomeadamente o distanciamento físico, o uso da máscara, a higienização das mãos, bem como a vacinação, a testagem e o arejamento dos espaços.
Para Graça Freitas, a estratégia de imunização natural tem “dois riscos”, sendo o primeiro o número de pessoas doentes ao mesmo tempo.
“Apesar da doença ser pouco grave, se tivermos muitas pessoas ao mesmo tempo infetadas isso vai impactar nos serviços de saúde, quer a gente queira, quer não”, alertou.
Por outro lado, observou, o risco de a pessoa ter “um internamento ou um desfecho grave não é zero”.
“Obviamente, há grupos mais vulneráveis que outros, mas há pessoas aparentemente saudáveis que podem também ter uma evolução negativa e infeção natural comporta esse risco”, sustentou.
Graça Freitas explicou que, enquanto a vacinação é um processo de imunização controlado, “com pouquíssimas reações adversas” e que não leva ao internamento, nem à morte, a doença natural comporta esse risco.
Os casos da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 estão a aumentar exponencialmente em Portugal e no mundo, tendo as infeções com SARS-CoV-2 atingido hoje, pelo terceiro dia consecutivo, um novo máximo de 28.659 novos casos em 24 horas
Os casos ativos voltaram a aumentar nas últimas 24 horas, totalizando 158.424, mais 22.404 do que na quarta-feira, e recuperaram da doença 6.239 pessoas, o que aumenta o total nacional de recuperados para 1.181.456.
Comparativamente com a situação registada em Portugal no mesmo dia há um ano, o país tem hoje mais 22.610 novos casos de infeção (contabilizaram-se 6.049 novos casos a 30 de dezembro de 2020) e mais 90.219 casos ativos (há um ano totalizavam 68.205).
O número de internamentos é significativamente inferior, uma vez que há um ano estavam internadas 2.896 pessoas, 487 das quais em cuidados intensivos, havendo também menos óbitos (no mesmo dia, o boletim da DGS contabilizava 79 mortes nas 24 horas anteriores).
Graça Freitas apela ao uso criterioso dos serviços
A diretora-geral da Saúde apelou ainda à população para “utilizar criteriosamente” os serviços de saúde e aos contactos de baixo risco para terem calma, reforçarem os cuidados e só telefonarem para a Linha SNS24 se tiverem sintomas.
Dirigindo-se às pessoas que tiverem um contacto de baixo risco com uma pessoa infetada com o coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, a diretora-geral da Saúde aconselhou que “limitem ainda mais o número de contactos”, usam máscara e mantenham a distância física.
“Já aprendemos muito com esta pandemia, com este vírus e as suas diferentes variantes e também vamos aprender com este. E uma das coisas que eu acho que devemos todos aprender e que eu faço aqui um apelo é que as pessoas que são contactos de baixo risco, que não vivem com a pessoa infetada, que tenham só cuidados mais nada”, disse Graça Freitas, comentando à agência Lusa o aumento exponencial da procura da Linha SNS24 e dos serviços de saúde.
Portanto, apelou, “reforcem os seus cuidados e verifiquem se vão evoluir para sintomas ou não, mas façam a sua vida normal, não precisam de telefonar para a Linha, não precisam de ficar muito ansiosas”.
Por outro lado, adiantou, os sintomas são um “bom sinal” de alerta quando se está infetado, e se a pessoa não está sintomática é um sinal de evolução positiva da doença.
No caso dos contactos de alto risco, que implica isolamento profilático, a diretora-geral da Saúde aconselhou as pessoas a se automonitorizarem, e alimentarem-se convenientemente e hidratarem-se.
“São os cuidados habituais que temos como uma gripe de forma a que não sobrecarreguemos os serviços de saúde que no Inverno, não só por este vírus, mas por todas as outras circunstâncias do inverno, estão sobrecarregados”, salientou.
Nesse sentido, reforçou o apelo para que se utilize “criteriosamente os serviços de saúde, seja a Linha SNS24, sejam as urgências, seja o que for”.
“As próprias pessoas deverão fazer uma autoavaliação da sua condição e ingerir essa condição se ela não for grave, se não apresentar sintomas, é um bom sinal”, disse, pedindo para gerirem esta situação como gerem outras doenças da sua vida.
Relativamente aos sintomas a que as pessoas devem estar alerta, referiu que “são mais parecidos com os de uma constipação vulgar”, como dores de garganta, espirros, pingo no nariz, o que se deverá provavelmente à conjugação de uma variante, que é diferente, com o sistema imunitário populacional que está já muito reforçado com o esquema primário e de reforço da vacinação.
(Artigo atualizado às 20:31)
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