Uma mulher gravida infetada com o novo coronavírus poderá passá-lo para o bebé.  Os médicos chineses estão a avançar com esta possibilidade depois de uma paciente infetada com o vírus ter dado à luz uma criança que, apenas 30 horas após o parto, teve um resultado positivo para infeção com coronavírus.

Os sinais vitais da criança são estáveis, sem sinais de febre ou tosse. No entanto, segundo os médicos, já experienciou falta de ar. Os raio-x entretanto efetuados mostraram sinais da infeção e foram registados também problemas ao nível do funcionamento do fígado.

"Este caso alerta-nos para a necessidade de considerar a possibilidade de transmissão entre mãe e criança do coronavírus", assumiu o médico Zeng Lingkong.

O hospital avançou ainda com detalhes sobre o caso de um segundo bebé que nasceu saudável, a 13 de janeiro. No entanto, a ama do bebé foi mais tarde diagnosticada com o vírus, assim como a mãe. A criança começou a mostrar sintomas de infeção a 29 de janeiro.

"Não temos certezas neste momento se o vírus foi transmitido da ama para a mãe e desta para o bebé. No entanto, podemos confirmar que o bebé esteve em contacto com pessoas infetadas com o coronavírus, o que nos indica que os recém-nascidos podem também ser infetados", informou Zeng Lingkong.

Todavia, nenhuma das crianças se encontra em estado crítico.

O número de mortos provocados pelo novo coronavírus (2019-nCoV) subiu hoje para 490, com 64 mortes registadas na China nas últimas 24 horas, anunciaram as autoridades de saúde de Pequim.

De acordo com as autoridades chinesas, citadas pela agência Associated Press, o número total de pessoas infetadas com o novo coronavírus, detetado em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei (centro do país), colocada, entretanto, sob quarentena, aumentou para 24.324.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há casos de infeção confirmados em mais de 20 países.

A Organização Mundial de Saúde declarou na passada quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial. No entanto, o novo coronavírus ainda não pode ser considerado uma pandemia.

A diretora-geral da Saúde de Portugal anunciou hoje que os dois novos casos suspeitos de infeção conhecidos ontem deram negativo. No total, Portugal registou quatro casos suspeitos, todos com resultados negativos.

O primeiro caso de suspeita de infeção pelo novo coronavírus em Portugal foi reportado em 26 de janeiro num homem regressado da China e que esteve sob observação no Hospital Curry Cabral, por suspeita de infeção pelo novo vírus detetado naquele país e o segundo deu-se com um cidadão de nacionalidade estrangeira que deu entrada no Hospital de São João, no Porto, em 31 de janeiro.

Estas são as principais recomendações das autoridades de saúde à população

O surto do novo coronavírus detetado na China tem levado as autoridades de saúde a fazer recomendações genéricas à população para reduzir o risco de exposição e de transmissão da doença. Eis algumas das principais recomendações à população pela Organização Mundial da Saúde e pela Direção-geral da Saúde portuguesa:

- Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;

- Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;

- Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;

- Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;

- Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;

- Em Portugal, caso apresente sintomas de doença respiratória e tenha viajado de uma área afetada pelo novo coronavírus, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.

Combater a desinformação

A Organização Mundial da Saúde tem tentado também divulgar factos para combater a desinformação e mitos ligados ao novo coronavírus. Eis algumas dessas informações:

- É seguro receber cartas ou encomendas vindas da China, porque as análises feitas demonstram que o coronavírus não sobrevive muito tempo em objetos como envelopes ou pacotes;

- Não há qualquer indicação de que animais de estimação, como cães e gatos, possam ser infetados ou portadores do novo coronavírus. Mas deve lavar-se sempre as mãos após contacto direto com animais domésticos, porque protege contra outro tipo de doenças ou bactérias;

- Não há também prova científica de que o consumo de alho ajude a proteger contra o novo coronavírus;

- Usar e colocar óleo de sésamo não mata o novo coronavírus;

- As atuais vacinas disponíveis no mercado contra a pneumonia não previnem contra o coronavírus 2019-nCoV. Este novo vírus precisa de uma nova vacina que ainda não foi desenvolvida;

- Os antibióticos não servem para proteger ou tratar as infeções provocadas pelo coronavírus. Os antibióticos são usados para infeções bacterianas e não virais. Contudo, os doentes hospitalizados infetados com coronavírus poderão ter de receber antibióticos porque pode estar presente também uma infeção bacteriana;

- Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas.

Países confirmados com casos confirmados de coronavírus

Fora da China, Macau e Hong Kong foram confirmados mais de 170 casos de contaminação. Aqui segue a lista dos países que anunciaram casos de contágio do novo coronavírus desde o seu surgimento, em dezembro, na cidade Wuhan.

CHINA

O número de mortos chega a 490, com mais de 24.324 casos confirmados em todo o país, segundo o balanço oficial.

Macau, um destino turístico famoso pelos casinos e muito popular entre os turistas do continente, confirmou 10 casos.

Em Hong Kong foram registadas 21 pessoas com a doença. Uma faleceu.

REGIÃO ÁSIA-PACÍFICO

Austrália: Quatorze casos confirmados.

Camboja: Um caso.

Coreia do Sul: Dezenove casos confirmados.

Filipinas: Três casos, uma morte.

Índia: Três casos.

Japão: Trinta e três casos.

Malásia: Doze casos confirmados.

Nepal: Um homem contagiado, que se recuperou e recebeu alta.

Singapura: Vinte e quatro casos confirmados.

Sri Lanka: Um caso.

Taiwan: 11 casos confirmados

Tailândia: Vinte e cinco casos.

Vietname: Dez casos.

AMÉRICA

Estados Unidos: Onze casos confirmados.

Canadá: Quatro casos.

EUROPA

Alemanha: doze casos.

França: seis casos confirmados.

Espanha: um caso

Itália: dois casos.

Reino Unido: dois casos.

Bélgica: um caso.

Finlândia: Um caso.

Rússia: Dois casos, de cidadãos chineses.

Suécia: Um caso.

MÉDIO ORIENTE

Emirados Árabes Unidos: cinco casos.