Segundo a dirigente sindical, os serviços mais afetados por esta paralisação dos enfermeiros naquela unidade hospitalar “são aqueles onde não há que assegurar cuidados mínimos, nomeadamente os blocos operatórios”, sendo que, “das 12 salas [de cirurgia], só uma é que funcionou”.

“Foram dezenas de cirurgias que foram adiadas por culpa do Ministério da Saúde, por não corresponder aos problemas dos enfermeiros. Ao não assumir os compromissos está a acentuar esses problemas”, sublinhou Fátima Monteiro.

A sindicalista adiantou também que a adesão à greve no Hospital da Póvoa foi de 80% e que no Hospital de Santo António, no Porto, e no Centro Hospitalar Gaia/Espinho “nenhuma sala [de cirurgia] funcionou” até então.

“O ministro da Saúde e o Governo devem recolher daqui algum ensinamento”, disse, defendendo a uma resposta “célere” aos problemas dos enfermeiros, nomeadamente à necessidade de admissão de profissionais.

Para Fátima Monteiro, “é incrível o que se passa nos serviços”, porque “a carência [de enfermeiros] é acentuada” e há “centenas de horas em débito que não pagas como trabalho extraordinário”.

“Somos o pilar do Serviço Nacional de Saúde, o senhor ministro refere isso, mas, no entanto, não vai ao encontro dos enfermeiros”, disse, notando que “não são os enfermeiros que avançam para a greve, é o Governo e o ministério que os empurra”.

A Lusa contactou o Hospital de São João para obter reação às declarações do sindicato, mas fonte da unidade referiu que os dados de adesão à greve são apenas encaminhados para o Ministério da Saúde.

Os enfermeiros iniciaram às 08:00 de hoje a greve de dois dias pela “valorização e dignificação” destes profissionais, uma paralisação que ficou agendada apesar da marcação de um calendário de negociações com o Governo sobre as suas 15 reivindicações.

Os objetivos desta greve prendem-se essencialmente com a valorização e dignificação dos enfermeiros, segundo o SEP.