Nas Consultas Externas, apenas algumas especialidades com necessidade de triagem de enfermagem obrigaram doentes a ir para casa, por que, como constava à Lusa Maria Helena Pinheiro, “o que interessa é que esteja o médico”.
Helena acompanhava o marido a uma consulta de Pneumologia, especialidade que faz parte da lista que Elisabete Barreira, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), apontou com uma adesão total dos profissionais à greve.
Além de Pneumologia, os dados recolhidos pela dirigente sindical incluem nas consultas que não estavam a ser realizadas as especialidades de Saúde Materna e Saúde Infantil, mas nos casos em que a consulta carece de triagem de enfermagem.
“O número das que vão ser adiadas também depende da necessidade de fazer triagem ou não da enfermagem”, vincou.
Na recolha que fez durante a manhã no hospital de Bragança, o maior e com mais respostas de saúde do Nordeste Transmontano, concluiu que a adesão à greve dos enfermeiros “está acima dos 75%”.
“Os departamentos mais afetados são os cirúrgicos que estão totalmente em greve, com as consequências que a cirurgia programada terá de ser adiada, não foi realizada”, apontou.
A dirigente sindical não soube quantificar o número de cirurgias adiadas, indicando que “normalmente o Bloco Cirúrgico contempla sempre quatro, cinco doentes por turno, que serão aproximadamente dez, doze doentes durante o dia”.
Afetados estão a ser também, segundo o sindicato, os departamentos de Medicina Interna e Traumatologia.
Na sala das Consultas Externas do Hospital de Bragança, a manhã de hoje apresentava o movimento considerado normal, com o espaço lotado e os avisos sonoros dos interfones a chamar os doentes.
A Lusa falou com vários pacientes que desconheciam ser um dia de greve dos enfermeiros e não se aperceberam de nada, relativamente a consequências.
“Não me apercebi de nada. Continuam a chamar os doentes”, observou Francisco Santos, a aguardar pela sua vez para a consulta com o ortopedista, depois de já ter realizado um raio X.
Nos dois centros de saúde da cidade de Bragança não aparentavam consequências visíveis da paralisação, com apenas uma adesão no da Sé e quatro enfermeiros em greve no de Santa Maria.
Os enfermeiros realizam hoje e sexta-feira uma greve pela “valorização e dignificação” destes profissionais e que ficou agendada apesar da marcação de um calendário de negociações com o Governo sobre as suas 15 reivindicações.
A greve, marcada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), começou no turno da manhã de hoje e termina às 24:00 de sexta-feira.
Segundo o SEP, os objetivos desta greve prendem-se essencialmente com a valorização e dignificação dos enfermeiros. O sindicato reivindica o descongelamento das progressões, com a contagem dos pontos justamente devidos a todos os enfermeiros, independentemente do tipo de contrato de trabalho.
A contratação imediata de 500 enfermeiros e de mais 1.000 enfermeiros entre abril e maio é outra das reivindicações, assim como “a ocupação integral dos 774 postos de trabalho colocados a concurso” para as Administrações Regionais da Saúde (ARS).
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