Maria de Lurdes vai ao Hospital de Braga "quase todos os dias", é funcionária de um lar de idosos e "é raro o dia" em que algum dos utentes não tem alguma coisa a fazer naquela unidade hospital, hoje não foi exceção: "Vim com algum receio por causa da greve, mas até agora não vi nada de diferente", disse à Lusa, à porta do Hospital, perto das 08.00.

O Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE) e o Sindicato dos Enfermeiros (SE) marcaram greve para o período entre as 00:00 de hoje e as 24:00 de sexta-feira em revindicação pela introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como pela aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros.

"Sabemos que há greve de enfermeiros mas viemos na mesma. O serviço para que viemos é pediatria e estamos a contar com os serviços mínimos", explicou Susana Pinheiro, que admitiu alguma expectativa.

"Isto gera sempre ansiedade. Faltamos ao emprego para cá vir e não sabemos se somos ou não atendidos. Eles [os enfermeiros] têm direito aos protestos deles mas também deviam pensar nos utentes que são prejudicados com isto", disse.

Questionada sobre se concorda com os motivos do protesto, a utente mostrou alguma "simpatia" pela causa mas deixou críticas: "Todos podem querer melhores condições de trabalho, é um direito. Mas há que ter consciência do país em que vivemos. Não somos ricos e não podemos ganhar que nem nababos", respondeu.

A mesma opinião tem Serafim Castro, 38 anos, que veio ao hospital bracarense fazer um curativo.

"O meu caso não é urgente, não sei se vou ter sorte. Mas não vejo nenhuma ‘manif' nem sindicatos, nada, está um dia como outro qualquer, pode ser que tenha sorte", disse.

Sobre a greve, o utente é de opinião que "se ganhassem o salário mínimo era bem pior" mas, admite, "podiam ganhar mais um bocadinho e ter mais algum reconhecimento mas não é a prejudicar as pessoas que vão conseguir isso".

Já Palmira Almeida entende e defende os profissionais de enfermagem; "Acho muito bem. Muito bem. Se há aumentos para uns tem que haver para outros. Há que protestar. Só não concordo com os que deixam as mães e os bebés sem assistência. Isso não se faz", disse.

No átrio do Hospital de Braga, até às 09.00 não houve nenhuma concentração, manifestação movimentação que indicasse qualquer tipo de protesto.

"Estávamos à espera de ver aqui alguma confusão como se vê na televisão noutros hospitais, já que este é o maior hospital do distrito. Mas parece que a greve passou ao lado aqui", comentou Serafim Castro.

Até ao momento não foi possível obter, junto das estruturas sindicais que convocaram o protesto, os números de adesão à greve na região.