Depois de fazer um ponto de situação sobre a crise energética, Matos Fernandes deixou "um apelo às partes para o entendimento, para que a greve chegue ao fim".
O ministro considerou que "o comunicado da Antram [associação das empresas de transportes de mercadorias] ontem ao final do dia é um bom sinal, deixa claro a disponibilidade para negociar aceitando a mediação oferecida pelo governo".
Neste sentido, João Matos Fernandes refere que o Governo tem uma "forte expectativa" de que o único sindicato que ainda continua em greve [o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas - SNMMP] reúna as condições necessárias, no plenário marcado para hoje à tarde, para desconvocar a greve e iniciar o processo de mediação.
O ministro apelou a que "se encontre outra forma de defender os legítimos interesses dos trabalhadores, através da negociação".
Antes deste apelo, Matos Fernandes fez um ponto de situação da crise energética no país. Como é domingo, só têm lugar abastecimentos nos aeroportos de Lisboa e Faro, referiu o ministro, sendo que dos 28 transportes de combustível para Faro previstos para hoje, 10 já foram realizados. No caso de Lisboa, foram feitas 60% das viagens previstas para abastecimento.
As refinarias de Sines e de Leça da Palmeira, salientou, estão, todavia,"em prontidão para satisfazer qualquer abastecimento que seja necessário aos postos de combustível". Nas bombas de combustível, os "níveis de combustíveis variaram muito pouco, mantendo-se sempre na casa dos 60% na rede geral e REPA". De acordo com o governante, no sábado “estavam previstos 256 transportes de combustível e foram executados 315”.
O ministro adiantou ainda que os serviços mínimos estão a ser cumpridos a 123%, o que demonstra que "há um número expressivo de trabalhadores que já não estão em greve".
Já sobre o recurso às forças armadas durante esta paralisação, Matos Fernandes disse que desde as 7h00 da manhã de hoje houve recurso a 3 equipas, que fizeram transportes para o aeroporto de Lisboa. Outras seis equipas estão em prontidão caso os motoristas não se apresentem ao serviço para marcarem presença no plenário do sindicato marcado para hoje às 16h00.
“Neste sétimo dia de greve, consolida-se a ideia de normalidade na distribuição de combustíveis”, notou o ministro.
O plenário dos trabalhadores decorre em Aveiras de Cima (Lisboa), depois de ter falhado um acordo mediado pelo Governo numa reunião que durou cerca de 10 horas e que terminou na madrugada de sábado.
No sábado, a associação das empresas de transportes de mercadorias (Antram) disponibilizou-se para integrar um processo de mediação junto da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, afirmando ser convicção da “associação que um processo de mediação, realizado em clima de paz, poderá conduzir à solução do problema”.
De seguida, o porta-voz do sindicato de motoristas de matérias perigosas, Pedro Pardal Henriques, disse ver com agrado a disponibilidade da associação, mas ressalvou ser necessário que a base de entendimento já debatida seja aceite.
O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) divulgou mesmo um comunicado no qual apelou à Antram para aceitar a proposta de compromisso que o Governo articulou com aquela força sindical, abrindo “caminho para a paz duradoura”.
No comunicado, o SNMMP refere que o Governo deverá utilizar “as ferramentas que ainda tem ao seu dispor para chamar à razão a Antram”, fazendo “chegar uma proposta que cumpra mínimos de dignidade, por forma a ser apresentada aos motoristas de matérias perigosas” no plenário desta tarde.
A greve começou na segunda-feira, 12 de agosto, por tempo indeterminado, para reivindicar junto da Antram o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
A paralisação foi inicialmente convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas (SIMM), mas este último desconvocou o protesto na quinta-feira à noite, após um encontro com a Antram sob mediação do Governo.
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