“O setor estava preparado para resistir, sobreviver e trabalhar com calma durante 3,4 ou 5 dias”, disse à Lusa o presidente da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa.
“Se agora for para continuar a greve por mais um período sem fim à vista, a situação pode complicar-se e eu nem sei o que é que pode acontecer”, admitiu, lembrando que “no setor agrícola, a consequência imediata é a perda total”.
Os motoristas de matérias perigosas cumprem hoje o sexto dia de uma greve convocada por tempo indeterminado, depois de ter falhado um acordo mediado pelo Governo numa reunião que durou cerca de 10 horas e terminou esta madrugada.
Face à situação, o presidente da CAP adiantou que os agricultores terão de apelar para o Governo.
“Se a greve for para se manter, vamos ter de fazer uma solicitação ao Governo no sentido de ponderar o significado de uma entrada em colapso de uma parte do setor, caso os serviços mínimos ou a requisição civil tenham falhas, assim como já tiveram”, afirmou.
Os produtos frescos, avançou, vão faltar no momento em que for interrompida a cadeia de ajuda mútua através das reservas feitas pelos agricultores.
“A principal preocupação que temos neste momento é o facto de estarmos em colheitas que não passam pelo frigorifico. Como não há possibilidade de criar uma espécie de espera, os produtos, a partir do momento em que não sejam colhidos ou transportados ou recebidos, estragam-se”, explicou Eduardo Oliveira e Sousa.
Neste momento, disse, “o setor está totalmente ao rubro”, já que “fica a depender, em absoluto, do funcionamento restrito quer dos serviços mínimos quer de uma requisição civil”.
Lembrando que é muito fácil falharem os serviços mínimos ou a requisição civil, o presidente da CAP avisou que o setor agrícola acabará por ser mais prejudicado do que o setor que está em litígio.
Se o plenário marcado para domingo pelo sindicato dos motoristas de matérias perigosas para discutir os próximos passos com os seus trabalhadores não suspender a greve, Eduardo Oliveira pretende pedir "uma reunião de urgência ao senhor primeiro-ministro” na segunda-feira.
“Vou-lhe dar este retrato, com valores, e ele é que nos tem de dizer a nós até que ponto o Governo está disposto a deixar que esta greve – que já ultrapassou uma luta laboral para passar a ser um braço de ferro contra o Governo – continuar”, referiu, acrescentando que “se a coisa se agravar, o Presidente da República terá também de ser chamado a pronunciar-se porque o país entrará numa situação muito complicada”.
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