Em declarações à agência Lusa, Fernando Henriques, dirigente do Sitava, disse que o primeiro dia de greve na empresa de ‘handling’ (assistência em terra em aeroportos) que tem como principal cliente a easyJet “correu dentro das expectativas”, com uma adesão “na ordem dos 30%”.

O Sitava lembrou que se trata de uma empresa na qual “mais de metade dos trabalhadores são temporários”, o que faz com que a empresa conseguisse assegurar os serviços mínimos decretados para a greve, mas a paralisação fez com que “praticamente quase nenhum voo tenha saído a horas”, com atrasos que foram desde os 30 minutos até a mais de duas horas.

Para hoje, o segundo dia do primeiro período de greve decretada pelo Sitava, Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagem, Transitário e Pesca (Simamevip), dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA) e o Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Aeroportos e Aviação (Sindav), são esperados valores de adesão da mesma ordem.

As estruturas representativas dos trabalhadores convocaram uma greve com início às 00:00 de domingo e prolonga-se até às 23:59 de hoje, sendo depois retomada entre as 00:00 do dia 05 de agosto e as 23:59 de 06 de agosto, e ainda greve aos dias de feriado por tempo indeterminado, para a qual os sindicatos esperam uma maior adesão, por ser um “ponto fulcral” do conflito entre trabalhadores e empresa.

Os sindicatos argumentam que, após oito meses de aplicação do Acordo de Empresa de (AE2020), que prevê que “o trabalho prestado em dia feriado, que seja dia normal de trabalho, dará direito a um acréscimo de 50% da retribuição correspondente”, a empresa decidiu, “unilateralmente, alterar a forma de cálculo do pagamento dos feriados em escala, ao arrepio do espírito que havia sido acordado (alteração do coeficiente 1,50 para 0,50)”.

Por outro lado, recordam que, entre março de 2022 e maio de 2023, decorreu um processo de prevenção de conflitos requerido pela Portway “alegadamente com o objetivo de ‘fazer convergir as estruturas sindicais na adoção de um instrumento único de regulamentação coletiva’ (um único AE), bem como ‘manter um clima de paz social'”, assegurando que “participaram sempre nesse processo de forma construtiva e de boa-fé, conforme já haviam estado no processo negocial de 2019/20”.

Contudo, após a 16.ª reunião de negociação realizada em 24 de maio passado na Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), os sindicatos acusam a Portway de, “tanto pelas ações, como pelas omissões”, estar “a direcionar os seus trabalhadores a filiarem-se numa determinada organização”, numa atitude que considera ser “absolutamente inqualificável”.

A Portway disse que não reconhece fundamentos para a greve, garantindo o cumprimento “rigoroso” do Acordo de Empresa (AE) no que diz respeito ao trabalho em dia feriado, segundo um comunicado.

A Lusa tentou obter um balanço da greve por parte da empresa, mas não foi possível até ao momento.